Na sessão solene do 512.º aniversário da Freguesia de Gaula, Élvio Sousa, presidente da autarquia, recordou o estoicismo e os valores históricos do povo de Gaula, uma terra abençoada e arejada politicamente.
"Recordamos a luta dos nossos antepassados, e em especial do povo trabalhador dos campos agrícolas que, em outubro de 1887, se manifestou contra os "rapilhas da cidade" que desejavam carregar mais impostos sobre o povo de Gaula. O povo gaulês revoltou-se e iniciou um tumulto popular conhecido por Parreca que se estendeu a todo o território regional, sobretudo contra a criação de mais impostos sobre o escasso rendimento do povo gaulês".
O autarca afirma ser este o exemplo de resistência que o povo de Gaula manifesta "contra as tentativas de ir buscar ao povo trabalhador a manutenção do centralismo de capital, e que pela ação de palavras e a da agitação democrática, os gauleses manifestaram-se e lutaram pela defesa da sua freguesia e das sua terras. Nunca, sem qualquer hesitação, podemos esquecer as lições da História, porque Gaula nunca se vendeu ao poder centralista e às tentativas várias de integrar a nossa identidade às forças externas".
É necessário fortalecer a nossa identidade, e o "Amadis de Gaula", um elemento escultórico, fruto de um concurso de ideias que levou à criação de um conjunto escultórico criado pelos artistas Eduardo Freitas e Jacinto Rodrigues, será um símbolo do estoicismo, da resistência e da identidade gaulesas, colocado no novo mirante, fruto de um trabalho de cooperação entre o Governo Regional da Madeira, a Câmara Municipal de Santa Cruz e a Junta de Freguesia de Gaula.
A obra "Amadis de Gaula", romance medieval do século XV redigido pelo trovador português João de Lobeira, é uma das referências que está na origem do topónimo da Freguesia de Gaula, e é neste sentido que nós precisamos de rostos e de identidades para mantermos viva a nossa liberdade de pensamento e a nossa resistência secular, herdeira dos gauleses que fizeram história aqui e além-mar."