A investigação arqueológica, no Largo do Pelourinho, permitiu conhecer melhor alguns aspetos da "comercialização transatlântica" de outrora, revelou hoje o investigador Daniel Sousa, numa conferência, na Quinta Magnólia, em que apresentou os resultados preliminares na intervenção realizada na zona conhecida como Núcleo Histórico de Santa Maria do Calhau.

As escavações realizadas na área das desembocaduras das ribeiras de Santa Luzia e de João Gomes, trouxe "ao de cima" as estruturas quinhentistas do Forte de São Filipe, submersas sob os antigos parque de estacionamento e restaurante do Largo do Pelourinho, datados de finais do século XX.

Daniel Sousa explicou que após as sondagens, realizadas depois da aluvião de 20 de fevereiro de 2010, foram descobertas "estruturas de importância relevante no âmbito da arqueologia militar portuguesa".

Para além das estruturas arquitetónicas da fortaleza, segundo disse, foram exumados muitos outros objetivos, nomeadamente "elementos numismáticos, cerâmicas, faianças, cachimbos, formas de açúcar, objetos de adorno, elementos carpológicos, elementos de fauna mamalógica e malacológica, e armas de fogo que indiciam uma ocupação do espaço ao longo dos tempos".

Na continuação da escavação a norte, foi ainda descoberto o primitivo pavimento da Praça do Pelourinho e o assentamento original do Pelourinho. A preservação desta memória do passado pressupõe, conforme foi defendido, um projeto de arquitetura e de estruturas, que torne a zona arqueológica visitável e com iluminação específica.

A palestra, inserida no Dia Mundial dos Museus, promovida na Quinta Magnólia - Centro Cultural, contou com a presença da vice-presidente da Assembleia Legislativa da Madeira, Rubina Leal, e de várias entidades civis e militares.

Iolanda Chaves