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Artigo de Opinião

Gestor do Europe Direct Madeira

9/11/2023 08:00

Tratando-se de eleições onde, por norma, registam-se taxas de participação relativamente baixas, a expectativa é enorme. Quanto mais não seja, por todo o histórico de situações que tiveram lugar no decorrer do atual mandato da Comissão e do PE: Covid-19, invasão da Ucrânia, crises migratórias, subidas das taxas de juro, só para citar alguns.

Independentemente das muitas conquistas que se tenham feito nos últimos quatro anos - e foram muitas (não tenhamos qualquer dúvida a esse respeito), o presente encontra-se ensombrado por duas categorias de eventos trágicos, com enormes impactos para as populações: fenómenos meteorológicos extremos e a existência de conflitos militares, nomeadamente, as guerras Ucrânia-Rússia e, mais recentemente, Israel-Palestina.

Num mundo profundamente interligado, complexo e, em certa medida, instável, muitos dos desafios que se colocam, ganham proporções desmesuradas que nenhum país da UE por si só consegue enfrentar com sucesso. A própria democracia, que muitos (erradamente) assumem como um dado adquirido, encontra-se colocada à prova, pelo que, as europeias serão também um teste à inteligência e à resiliência dos cidadãos europeus.

Não obstante as dificuldades internas que a UE enfrenta (porque não há como negar que os problemas existem), não podemos esquecer que, à escala global, há todo um posicionamento estratégico que importa assumir e que também será julgado no acto eleitoral. Os acontecimentos trágicos associados a guerras, instabilidades políticas, desastres naturais, entre outros, têm causado um crescente número de refugiados e gente carenciada, um pouco por todo o mundo. Perante cenários angustiantes, a UE tem assumido uma postura dinâmica (nalguns casos proactiva, noutros mais reactiva), de acordo com os valores que norteiam a nossa existência como europeus. A ajuda humanitária que a UE presta é uma referência à escala mundial: estamos entre os principais doadores mundiais de ajuda humanitária, apoiando anualmente milhões de pessoas em todo o mundo, tendo como referência os princípios de humanidade, neutralidade, imparcialidade e independência.

O "recente" conflito na Faixa de Gaza é um exemplo da dificuldade de posicionamento no delicado xadrez geopolítico internacional. A sensibilidade extremada de Israel à crítica (bem evidente, p. ex., com a reação inusitada do embaixador israelita na UN, às lúcidas afirmações do Secretário-Geral) não pode ser uma barreira ao dever de ajuda da UE, perante um número de vítimas civis que não pára de aumentar. E não pode faltar a coragem de falar abertamente e sem subterfúgios sobre o que ali se passa, devendo prevalecer os valores europeus nas tomadas de posição.

Borrel dizia esta semana sobre o conflito que, em bom rigor, todos temos culpa no cartório, pois se em tempos apresentou-se a "solução" (única, diria eu) dos dois Estados, na verdade, nunca houve um plano credível para atingir essa meta. E como todos bem sabemos "um objetivo sem um plano, não é mais que um desejo". Entretanto, a cada dia que passa, os danos que mutuamente se infligem (re)abrem feridas e alimentam rancores que dificilmente serão ultrapassados.

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