MADEIRA Meteorologia

Artigo de Opinião

Consultor

16/01/2021 08:00

Por um lado, grande parte do eleitorado é já fiel ao seu candidato. Por outro, é na mão dos indecisos que está o resultado das eleições. E porquê? Porque o comportamento eleitoral é resultado da interação entre forças de longo prazo - os convertidos - e de curto prazo - as reações dos indecisos a cada assunto. Em relação aos primeiros, há pouco a fazer. Portanto, cabe aos últimos decidir para que lado pende o fiel da balança. Daí a importância em perceber como é que estes eleitores tomam as suas decisões políticas. Os eleitores votam, essencialmente, de quatro formas diferentes:

1) Através da Escolha Racional - o eleitor pesa analiticamente a informação política e decide de acordo com os seus interesses. Esta estratégia é particularmente adotada quando só existem duas alternativas, como numa segunda volta das eleições presidenciais, sendo geralmente usada por especialistas em determinada matéria. Na realidade, representa pouco peso eleitoral. Ela promove avaliações de elevada qualidade, no entanto é cognitivamente exigente, portanto pouco usada.

2) Através do Modelo Confirmatório - o eleitor experiencia um processo de socialização política, identifica-se com um candidato e adquire informação de forma passiva. Esta estratégia é adotada, sobretudo, por aqueles que já estão convertidos a um determinado partido. Ela promove avaliações altamente polarizadas e de qualidade medíocre;

3) Através da Decisão Rápida - o eleitor procura dados parciais sobre os temas que lhe interessa e ignora os demais. Esta estratégia ocorre, essencialmente, quando os temas são particularmente difíceis de resolver. Ocorre também quando o tempo para decidir é escasso. Os resultados da adoção desta estratégia não são maus, uma vez que as avaliações são pouco polarizadas e oferecem qualidade razoável quando os temas são muito complexos;

4) Através da Decisão Intuitiva Semiautomática - o eleitor procura informação até ao momento em que se considera esclarecido para tomar a sua decisão. Esta estratégia é adotada quando se procura uma decisão fácil para um assunto difícil. As avaliações resultam numa forte polarização, mas são de razoável qualidade, especialmente quando o tema é também complexo.

Os eleitores recorrem ainda a um conjunto de atalhos cognitivos para fundamentar a sua decisão de voto: a) Heurística do Afeto de Referência - o eleitor vota em determinado candidato que já conhece e admira; b) Heurística da Viabilidade - o eleitor escolhe o candidato que tem maior probabilidade de vencer; c) Heurística do Hábito - o eleitor faz determinadas escolhas políticas, simplesmente porque já o fez no passado; d) Heurística da Familiaridade - quando o eleitor conhece um candidato em detrimento dos restantes, prefere o primeiro; e) Heurística da Recomendação - o eleitor prefere o candidato que foi recomendado por uma pessoa de quem nutre consideração.

Relembrando os níveis vergonhosos de abstenção nas últimas eleições presidenciais (51,16%), em que mais de metade do eleitorado se absteve, o importante é votar em consciência. Mesmo e sobretudo para aqueles que estão fartos do sistema político português e recusam ir às urnas, relembremos o apelo de James Bovard: "A democracia deve ser algo mais do que dois lobos e uma ovelha a votar no que comer para o jantar." Só votando farão a diferença, até porque representam a maioria dos eleitores.

Abster-se não é um ato de protesto… é uma rendição!

OPINIÃO EM DESTAQUE

88.8 RJM Rádio Jornal da Madeira RÁDIO 88.8 RJM MADEIRA

Ligue-se às Redes RJM 88.8FM

Emissão Online

Em direto

Ouvir Agora
INQUÉRITO / SONDAGEM

Qual o seu grau de satisfação com a liberdade que o 25 de Abril trouxe para os madeirenses?

Enviar Resultados
RJM PODCASTS

Mais Lidas

Últimas