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Artigo de Opinião

Farmacêutico Especialista

6/03/2024 08:00

Existe uma tecnologia em Saúde, que apresenta um custo efectividade e acessibilidade sem par, e o benefício da sua toma é plasmado directamente não só em sobrevida, mas também qualidade de vida, o seu mote é Qualidade – Segurança - Eficácia, estamos a falar do Medicamento.

O Medicamento, é uma tecnologia em Saúde indissociável dos ganhos em Saúde pela população, vejamos que a esperança média de vida e a qualidade de vida sustentam-se, obviamente nas melhorias higieno-sanitárias, no acesso à alimentação, na informação e níveis de cuidado de saúde, mas acima de tudo no Medicamento.

O medicamento é uma tecnologia tão eficaz, que sofre a desvalorização típica do seu sucesso garantido, ou seja, temos por tão garantido o acesso ao medicamento e aos seus resultados, que não o valorizamos o suficiente, ou se quisermos, relevamos o mesmo por ser um dado adquirido e factor sine qua non para um sistema de Saúde robusto e competente, não conseguimos conceber um sistema de Saúde sem medicamentos, e em boa verdade tal não seria possível.

O medicamento é legalmente definido como “Toda a substância ou associação de substâncias apresentada como possuindo propriedades curativas ou preventivas de doenças em seres humanos ou dos seus sintomas ou que possa ser utilizada ou administrada no ser humano com vista a estabelecer um diagnóstico médico ou, exercendo uma acção farmacológica, imunológica ou metabólica, a restaurar, corrigir ou modificar funções fisiológicas” Decreto-Lei n.o 176/2006 de 30 de Agosto; Artigo 3º; alínea hh), ora hoje em dia devido à falta de literacia em Saúde, e de um Marketing bem concebido, criou-se a ideia que os medicamentos são químicos, logo maus e que outros produtos são naturais, logo bons. Ora aqui reside uma falácia criada ardilosamente pelo marketing sustentada num erro de palmatória, não existe químico versus natural, pois tudo é químico e se quisermos ser rigorosos, existem químicos de origem natural, e químicos de síntese, sendo todos químicos.

Já o medicamento é tão eclético que apresenta vários tipos de proveniência.

Medicamentos de síntese química; Medicamentos imunológicos por exemplo as vacinas; Medicamentos à base de plantas; Medicamentos homeopáticos; Medicamentos derivados do sangue ou do plasma humanos; Radiofármacos, exemplo o iodo radioactivo; Medicamentos biotecnológicos, como por exemplo a insulina (que seria dos diabéticos tipo1 sem a mesma?!) e deixei propositadamente para o final, os Medicamentos de terapia avançada, que são medicamentos para uso humano, baseados em genes (terapia genética), células (terapia celular) ou tecidos (engenharia dos tecidos), e que representam bem a capacidade da Ciência Farmacêutica, trazer soluções para as doenças, desde as mais comuns até às mais raras e complexas.

Em 2023, o orçamento da Saúde, que foi de 14,8 mil milhões de euros, apresentou um gasto em medicação de 3.3 mil milhões de euros (de jan -nov 23), ou seja cerca de 24% do orçamento de Saúde é investido em medicação.

Um dos problemas de futuro (próximo), não é a capacidade de a Tecnologia em Saúde resolver os problemas em saúde, mas sim a capacidade e robustez financeira dos sistemas em saúde para acederem a esta medicação, dando resposta às válidas pretensões da população.

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