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Artigo de Opinião

Economista

26/01/2023 08:00

No passado fim de semana o país assistiu a uma manifestação sem precedentes pelo facto do Ministério Público ter requerido ao Tribunal Constitucional a declaração da inconstitucionalidade, com força obrigatória geral, da norma que criminaliza os maus tratos a animais. Enquanto isso, e ao longo de vários anos, dezenas de notícias permeiam a comunicação social portuguesa sobre o abandono hospitalar de idosos, sem que com o país se "revolte" como foi o caso dos direitos dos animais.

Ora um país que desconhece a piedade filial (?, xiào) não pode colocar a "carroça à frente dos bois" e entender que os direitos dos animais são prioritários face à dignidade da pessoa humana. Não se pode querer coimas de €160.000 para quem mate um animal, como defendido por Laurentina Pedroso, Provedora do Animal, e ex-bastonária da Ordem dos Veterinários, expressão maior do novo radicalismo pequeno burguês quando nada acontece a quem abandona idosos.

Portugal não possui, por isso, superioridade moral necessária para querer implementar os direitos dos animais enquanto a população não se "revoltar" com o mesmo afinco contra a falta de piedade filial e a falta de tratamento digno dos seus anciãos.

Se Ghandi afirmava que "a grandeza de uma nação e o seu progresso moral podem ser julgados pela forma como os seus animais são tratados", era porque antes desse passo ter sido dado a piedade filial era já valor intrínseco de uma sociedade budista/hinduísta. Algo que, como já se viu, falha nos dias de hoje por completo em Portugal.

A moralidade em Portugal falha porque a piedade filial falha e esta só existe quando as pessoas são educadas, porque as pessoas sem educação só atendem aos seus instintos básicos, enquanto as pessoas educadas estão mais sintonizadas com objetivos mais elevados, como a ética e a moralidade. A ética e a moralidade só florescem quando se verificar uma verdadeira reforma do sistema educacional que se baseie estritamente na meritocracia e humanismo e não no facilitismo.

Só através da plena prática da piedade filial, podem então os Portugueses se dedicarem na defesa constitucional dos direitos dos animais. Praticar o contrário é defender a decadência da sociedade Portuguesa e a inversão de prioridades de uma sociedade que se quer funcional. Entretanto, a legislação portuguesa de proteção dos direitos dos animais será mais que suficiente, quanto muito se quiserem evitar maus tratos animais que se exijam requisitos legais e habilitacionais para tratar e/ou adotar um animal, como se porte de arma se tratasse.

"Existem três graus de piedade filial. O mais alto é ser um crédito para nossos pais, o segundo é não os desonrar; o mais baixo é poder simplesmente sustentá-los." - Confúcio.

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