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Artigo de Opinião

Bispo Emérito do Funchal

15/09/2024 07:40

Nas peregrinações à Terra Santa, no lugar onde estão as “Árvores dos Juntos”, no Yad Vashem, encontram-se os portugueses que foram imortalizados devido o terem salvo judeus em perigo de serem queimados nos campos de concentração pelos nazistas.

Entre eles conheço três nomes, de portugueses, sendo o mais conhecido Aristides de Sousa Mendes, que salvou os fugitivos vindos de Paris, concedendo um documento para entrarem em Portugal, contra a vontade de Salazar.

Com os peregrinos, sempre fomos colocar, como é costume, uma pedrinha, como sinal de aprovação, visto Salazar o ter condenado a viver pobre e descurar a sua casa em Portugal.

Foram os judeus de New York que convidaram Mário Soares a conhecer o “Justo” que era celebrizado em Israel. Não posso também deixar de recordar o Reitor do Colégio Português, Mons. Carreira, que recebeu igual título, por ter salvo judeus em Roma, no Colégio Português, com pedira o Papa Pio XII.

Foi também numa peregrinação à Terra Santa, que encontrei um Túmulo de Oskar Schindler, na zona do Monte Sião. Quem foi este “Justo entre os Gentios”, alemão, que teve a coragem e valentia, durante o período nazi, de salvar judeus de uma morte certa nas mãos destes verdugos?

Oskar, católico de nascimento, foi durante a sua vida muito generoso juntamente com sua esposa Emília, que o estimulava com o seu exemplo e com grandes sofrimentos e trabalhos aos perseguidos pela polícia nazista? Na sua quinta agrícola modelo, conseguiram colocar muitos judeus como empregados e salvar suas vidas, com grandes estratagemas, influências e outos meios legais mais que justificados pela defesa de uma causa justa.

No seu livro “Os heróis silenciosos”, Oskar conta-nos as suas dramáticas experiências.

Ao aproximar-se o final da guerra, conseguiu atravessar as fronteiras para uma zona americana segura, com alguns dos seus protegidos e pôr a salvo definitivamente a vida de tantas pessoas que lhe foram confiadas pela proteção divina.

Terminada a guerra, confiou as suas possessões na zona russa, emigra para a Argentina até 1968, tendo o Governo deste país concedido a maior condecoração civil e uma modesta pensão de 200 marcos mensais. Schindler, manteve grande correspondência e com frequência, com muitos dos seus antigos protegidos residentes na América.

Visitou também Israel várias vezes tendo recebido a hospitalidade de muitos condenados a morrer num campo de concentração, e agora viviam felizes numa terra que Deus tinha concedido a seus pais.

O nazismo teve muitos inimigos na Alemanha, muitos morreram de forma muito rigorosa e desumana, alguns, assim disseram, quando estive a estudar alemão e que viviam próximo dum campo mais pequeno de concentração, e nunca suspeitaram o que sucedia lá dentro. Em Auschwitz e no campo que estava perto foi queimada a célebre Edite Stein que, convertida ao catolicismo, se tornou Padroeira da Europa.

Oskar Schindler (1908-1974) morreu na Alemanha no mês de outubro de 1974, tendo mostrado desejo de ser enterrado em Jerusalém. A 28 do mesmo mês, na Igreja Paroquial de São Salvador da Cidade Santa foi celebrado um solene funeral, com a presença do seu corpo. Os seus restos mortais foram conduzidos para o cemitério católico do Monte Sião, tendo uma grande presença de um número de hebreus que tinham sido salvos por ele. Foram cerca de 1200 os que conseguiu salvar de uma morte certa e terrível. Assistiram à missa de defuntos vários judeus salvos por ele com os seus familiares, o Embaixador da República Federal Alemã, um representante do Ministério da Cultura de Israel, o Dr. Klein, o Pároco Latino de Jerusalém, Padre Domenico Picchi, o Padre alemão Elpidius Pax, foram os padres que celebraram a missa solene, pelo descanso eterno deste combatente glorioso contra a guerra e a morte dos filhos de Israel.

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