Numa simples e poderosa afirmação Sir Winston Spencer-Churchill resumiu os perigos da Chefia de Estado republicana ainda que em democracia. No sistema republicano, salvo exceções históricas, como a Suíça e San Marino, a chefia de estado é ocupada invariavelmente por um político profissional que se serve da mesma para coroar a sua carreira.
O mesmo é dizer que a função da Chefia de Estado é esvaziada dos seus propósitos últimos: incorporar o legado histórico e futuro de uma Nação, atuar como mediador entre os três ramos do poder (Executivo, Legislativo e Judicial) e defender os cidadãos do egocentrismo dos políticos.
Ora, sendo numa República a Chefia de Estado ocupada por políticos carreiristas que mais não querem do que dar um segundo fôlego à sua já desgastada imagem, a mesma vive um vácuo que pode muito bem pôr em causa não só os seus principais deveres para com um Povo, mas também a sua sempre necessária isenção.
"A contrário, numa Monarquia Constitucional, o Rei (ou Rainha) é não só a garantia da continuidade do País, da salvaguarda da Democracia, dos quais é o primeiro servidor, mas também não é refém da vontade político-partidária.
O Monarca, ao contrário do Presidente, tendo um papel unificador, aceita a vontade da nação nas eleições e exerce as suas funções constitucionais quanto à formação de um novo Governo. Assim, o Rei (ou a Rainha) não toma posições pessoais, mantém uma posição de total isenção e neutralidade e tem, no entanto, a oportunidade de apresentar os seus pontos de vista ao Primeiro-Ministro nas audiências semanais."
Quantos dos nossos Presidentes não fazem uma gestão dos seus primeiros mandatos com o simples intuito de garantir o segundo? Quantos presidentes não se degladeiam por tempo de antena juntamente com o Primeiro-Ministro?
De facto Sir Winston Spencer-Churchill, tinha razão, ao mandarmos a nossa Dinastia embora, criamos um vácuo que é hoje ocupado por políticos profissionais, a sua esmagadora maioria com idade para se reformarem e que no final do dia encaram a Chefia de Estado como catapulta para obterem, de forma vitalícia e à custa do dinheiro dos contribuintes: um motorista particular, uma secretária particular, um escritório e um assento no Conselho de Estado.
"Se mandaram os reis embora, hão-de tornar a chamá-los." - Alexandre Herculano de Carvalho e Araújo