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Artigo de Opinião

Deputado

16/03/2024 08:00

Caminhante, não há caminho, porque este só se faz ao caminhar”, palavras sábias do poeta espanhol António Machado e uma afirmação justa para com os resultados da noite eleitoral do passado domingo.

Uma das noites eleitorais mais imprevisíveis da história da democracia portuguesa e fértil em “previsíveis surpresas” com um final agridoce para o único partido “madeirense” que, desafiando as grandes máquinas partidárias, teve a ousadia de meter o dedo na ferida. Longe dos centros de poder e do mediatismo promovido pelos cultos de personalidade (sempre ávidos fenómenos de contaminação), o JPP fez o seu caminho na defesa das “vozes das ilhas” e por pouco, por muito pouco, não fez tremer todo um país!

O JPP esteve próximo do objetivo a que se propôs, mas cai de pé e com a cabeça bem erguida. Sem qualquer “intervenção externa”, o Juntos Pelo Povo ficou a apenas 518 votos, ou 0,35%, de conseguir um mandato na Madeira e tornar-se na décima força política nesta nova legislatura da Assembleia da República, que deverá iniciar funções em abril.

O partido madeirense sobe assim a sua votação na Madeira dos 8.721 votos (6,86%) para os 14.344 votos (9,58%), ficando a sensivelmente 600 votos do seu melhor resultado de sempre em legislativas – as Eleições Regionais do passado mês de outubro – e a apenas 518 votos de retirar o 2º deputado do PS e, assim, eleger o último representante madeirense na Assembleia da República.

Esta foi a reposta inequívoca de todos aqueles madeirenses que estão fartos de ouvir, há anos, as mesmas promessas e os mesmos diagnósticos sem qualquer solução no horizonte. A quem falta salário para tanto mês e que contam os cêntimos, obrigados, todos os meses, a fazer duras opções, aguardando esperançosos por uma mudança.

Todos aqueles que numa notória frustração veem que o combate à corrupção e ao enriquecimento ilícito continua a ser uma miragem, que continuam a contar tostões, assistindo a notícias de desvios de milhões.

Foi a resposta de todas aquelas famílias onde prevalecem baixos salários e onde as oportunidades de comprar casa e construir um futuro é cada vez menos risonho.

Todos os que continuam a desesperar por um sistema de saúde eficaz e eficiente, por verdadeiros apoios ao empreendedorismo e ao sector primário. Todos os que vivem numa Região onde as ligações marítimas e aéreas continuam a preços proibitivos que condenam os povos insulares. Onde continuamos a mendigar por dignidade para os nossos idosos e oportunidades para os nossos jovens.

Em relação a esta nova composição partidária da Assembleia da República, ainda não conseguimos vislumbrar totalmente o cenário que nos espera, mas temo que este cenário de incerteza e de imprevisibilidade, que não garante nem a governabilidade nem tão-pouco a facilidade na formação de um Governo estável, não augure nada de bom.

O certo é que nenhum dos partidos eleitos até hoje, pela Madeira, conseguiu trazer soluções para as ilhas. Ao longo dos últimos anos muito se falou em voto útil, mas a verdade é que, até hoje, esse voto resultou sempre em notórias inutilidades.

Mas este resultado do JPP não deixa de ser um sinal de confiança e de esperança para a construção de um futuro novo, onde existe uma alternativa credível, com um crescimento e uma caminhada sólida, que já deu mostras da sua eficácia em Santa Cruz e no Parlamento Regional, e que, como todos assistimos, começa a criar as bases para uma verdadeira mobilização nacional.

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