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Artigo de Opinião

4/05/2022 08:01

Nestas ocasiões, para além dos habituais agradecimentos e do heroificar dos Capitães de Abril, a tónica dos discursos varia sempre entre o que foi feito e o que falta ainda fazer. E é precisamente sobre o que falta fazer, o futuro, em suma, que realmente importa falar, porque ninguém vive do passado.

Por isso mesmo, não podia estar mais de acordo com o que Rui Rio disse, na sua intervenção, na Sessão Solene da Assembleia da República: «Se queremos um Portugal virado para o futuro, então teremos de ter o rasgo de fazer diferente», tendo tido a coragem, que a tantos sempre falta, pela sua demasiada veneração a um conjunto de ideias e personagens que mais parecem "vacas sagradas", de afirmar, no seu discurso, que «a solução está em nós próprios. A solução está em enfrentar a realidade sem cobardia nem hipocrisia. Está em reformar, ou diria melhor, em romper com o que há muito está enquistado e ao serviço de interesses setoriais ou de grupo. Romper com tudo aquilo que não funciona de acordo com a lógica do interesse coletivo, mas sim em função do setor ou da corporação a quem o imobilismo aproveita. É este o primeiro motivo que estrangula o desenvolvimento do nosso país e alimenta o desencanto que hoje existe».

Sempre digo que para celebrar Abril, para que Abril se concretize, não basta apenas entoar a "Grândola, Vila Morena", ou outras canções de Zeca Afonso. Isso é manifestamente pouco, ou mesmo quase nada, quando o que realmente importa é sobretudo agir e fazer e, muito menos, falar e cantar.

Sem a coragem de agirmos, sem a coragem de mudarmos o que esta mal, seremos sempre um país adiado, em que o descontentamento e afastamento dos cidadãos em relação aos órgãos de governo e ao próprio Estado, serão cada vez maiores, o que, em última instância, até pode pôr em causa a própria democracia e as suas instituições.

Ainda sobre Abril, queria salientar o singelo mas abrangente programa de comemorações que a Câmara Municipal do Funchal efetuou para assinalar o 25 de Abril. Sem partidarismos, sem ninguém a armar-se em donos da Revolução dos Cravos, com destaque e espaço dado sobretudo aos jovens, inclusivamente nos dois concertos, em que destaco o facto de serem todos madeirenses e muito bons, numa sinal da grande qualidade que há, na música na Madeira, sendo também a prova provada de que valeu mesmo muito a pena, todas as políticas públicas dos diversos Governos Regionais no apoio aos mais jovens, porque são eles o nosso futuro e serão sem dúvida eles que farão a Madeira melhor e maior.

Não podia terminar sem referir o mau exemplo que foi dado pela vereação da oposição na CMF, em particular o anterior presidente que não compareceu a nenhum dos eventos, embora quisesse à força uma Sessão Solene, e como não bastasse marcou presença numa manifestação do Bloco de Esquerda.

Aconselho a que alguém lhe lembre que à mulher de César não basta ser séria, é preciso que o pareça…

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