MADEIRA Meteorologia

Artigo de Opinião

AQUINTRODIA

20/08/2024 08:00

Será do calor que a gente, quando chega o verão, fica numa letargia dolente, com apetência pelo que não nos traga ocupações ou preocupações de maior?

Entregamo­-nos às circunstâncias que nos levam por aqui e por além, às sugestões que nos acenam, às realizações de que tomamos nota casual, aos programas que se nos deparam inesperadamente...O cheiro a férias e lazer é contagioso: as manhãs abrandam no rigor, as noites entram pelas madrugadas, as refeições perdem horas e apresentam novas parcerias, hábitos há que se abandalham, arrumam-se as dietas, procuram-se novos destinos e companhias, as leituras são ligeiras, a pressa sai dos dias, os compromissos alongam-se...Voando sem rumo, passemos por apelos que nos tocam: OS ARRAIAIS superabundam em qualquer recanto, saudando o Padroeiro, a Senhora, o Santíssimo, a Santa, o Santinho. Ocasião para Missas solenes, coros preparados, sermões emotivos ou dramáticos...Passará procissão, passeando andores faustamente ornamentados, as Confrarias solenes, de capas e capotes, de várias cores e formatos, alguns bordões e colares. As bandas filarmónicas, tocando a compasso, vão marcando o ritmo do andamento. Fazem pausa para as vozes, enquanto os lenços se empapam do suor que lhes lava a face ou encharca os sovacos. Os anjinhos esvoaçam na sua candura e naturalidade. Os tapetes são uma pintura a muitas mãos, efémera, mas desenhada com imensa criatividade e devoção, um grito de Esperança, Fé e gratidão. Hoje, arraial que não tenha animação para além duma banda filarmónica passa para segunda categoria. Chegam catadupas de artistas na moda, os mesmos quase sempre, já de fãs motivados e rendidos antes do palco. As girândolas estão em modo de contenção. Se um foguete atinge o solo mal apagado, é certo que, com a temperatura que faz, há fogueira, breve incêndio a trepar encostas, levando o pânico às habitações semeadas por montes e vales.

CONCERTOS E FESTIVAIS

São os gastronómicos, que arrastam multidões, sedentas duma novidade, duma tradição típica, dum petisco e duns copos, a preços ora escaldantes como o tempo, ponto de encontro para famílias e amigos; Fazendo ligação a concerto, é sucesso garantido e rendimento assegurado. São os de música variada, que reúnem bandas e cantores em moda, e logo as multidões fazem fila para um momento em comunhão de quem sabe as letras de cor. A ocasião é de alta para bandas e artistas, requisitados como nunca, pagos como nunca, aplaudidos como nunca, porque as redes sociais e outros meios se encarregam de os publicitar, não deixando margem para uma avaliação atenta e criteriosa da real valia. Uns há que dão atenção especial à prata da casa, seguindo uma linha que, quando de passagem numa autarquia, fiz questão de motivar: O QUE É NOSSO É BOM! Realço um Festival que, lá vão quase 40, com aminha equipa directiva lancei : O Festival de Arte Camachense, organizado pela Casa do Povo. O «Art Camacha» é uma dessas realizações que se mantém fiel ao propósito de realçar os valores e tradições duma terra. Sim, porque o que é nosso é bom! Acrescentou-lhe criatividade, deu-lhe projecção, ganhou realce, valorizando a Paixão pela Camacha, uma Vila que, mais ou menos abandonada, mantém uma vontade enorme de afirmação e crescimento. Assim lho permitam. Deixo uma sugestão: Governo, Autarquias, Casa do Povo, reergam o Museu Etnográfico Maria Augusta Correia Nóbrega. Faz tanta falta!

OPINIÃO EM DESTAQUE
Coordenadora do Centro de Estudos de Bioética – Pólo Madeira
18/12/2025 08:00

Há uma dor estranha, quase impossível de explicar, que nasce quando alguém que amamos continua aqui... mas, aos poucos, deixa de estar. Não há funerais,...

Ver todos os artigos

88.8 RJM Rádio Jornal da Madeira RÁDIO 88.8 RJM MADEIRA

Ligue-se às Redes RJM 88.8FM

Emissão Online

Em direto

Ouvir Agora
INQUÉRITO / SONDAGEM

Concorda com a entrega do Prémio Nobel da Paz a Maria Corina Machado?

Enviar Resultados
RJM PODCASTS

Mais Lidas

Últimas