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Artigo de Opinião

Doutorada em História / Investigadora

4/09/2024 07:35

Hoje, não vou escrever sobre os últimos Jogos Olímpicos, nem sobre o desencanto que me foram trazendo, à medida em que os Verões passavam por mim. Fui ganhando consciência dos seus bastidores. Sobretudo do tratamento dado às atletas femininas, do seu sofrimento e da sua masculinizarão forçada. Não assisti aos Jogos Olímpicos de Munique. Em 1972, ainda não era nascida. O atentado de Munique, tão bem documentado no filme de Spilberg, “Munique”, politizou os Jogos Olímpicos para sempre. Feriu a Europa e o resto do mundo. Nos últimos dias, temos visto uma França multirracial a acolhê-los. Bem no coração do velhinho Continente.

E, hoje, volto aos nossos velhos, aos nossos jovens há muito mais tempo. À nossa realidade, que em termos de inverno demográfico, não difere das restantes realidades. Tal como noutros países da Europa, Portugal tem vindo a registar, nas últimas décadas, profundas transformações demográficas caracterizadas, entre outros aspetos, pelo aumento da longevidade e da população idosa e pela redução da natalidade e da população jovem. De acordo com a Estratégia Nacional para o Envelhecimento Ativo e Saudável 2017-2025 e com o Plano de Ação do Envelhecimento Ativo e Saudável 2023-2026, aprovado em janeiro deste ano, Portugal está comprometido com a Estratégia e Plano de Ação Global para o Envelhecimento Saudável da Organização Mundial de Saúde (OMS), com os valores e objetivos fundamentais da União Europeia, que contemplam, a promoção do envelhecimento ativo.

Em matéria de envelhecimento ativo e saudável, o documento português remete para a definição da OMS, no qual este é descrito como «o processo de otimização das oportunidades para a saúde, participação e segurança, para a melhoria da qualidade de vida, à medida que as pessoas envelhecem, bem como o processo de desenvolvimento e manutenção da capacidade funcional, que contribui para o bem-estar das pessoas idosas, sendo essa o resultado da interação das capacidades intrínsecas da pessoa, físicas e mentais, com o meio». Tratando-se de um tema multidisciplinar, a mutação geográfica traz consigo grandes desafios, tanto às zonas rurais, como urbanas. Estas alterações demográficas afetam, sobretudo, os idosos, as crianças e as famílias, pelo que encontramos várias orientações no sentido de chamar a atenção dos municípios para o facto de se tornarem atrativos para os seus residentes, nomeadamente através da reestruturação do seu planeamento urbano, por forma a evitar o êxodo dos seus habitantes e, dessa forma, prevenir a exclusão social das pessoas idosas. A promoção de um envelhecimento ativo e saudável, ao longo de todo o ciclo vital, tem sido um caminho apontado como resposta aos desafios relacionados com a longevidade e o envelhecimento da nossa população. De fora, não poderão ficar as questões da mobilidade.

O transporte de passageiros flexível permite colmatar algumas das limitações do transporte público convencional, podendo desempenhar funções de grande importância, oferecer acessibilidade nas zonas mais isoladas e dispersas, garantir um serviço de transporte nos espaços designados periurbanos onde a densidade populacional não justifica a extensão da rede existente, assegurando as necessidades de mobilidade e de proximidade. Estes são alguns indicadores de uma região amiga dos idosos, sem deixar de ser vantajosa para todos os outros grupos etários. Para o verdadeiro combate ao isolamento social. As opções certas de transporte, desenhadas concelho a concelho, poderão ser cruciais para manter a qualidade de vida da população idosa. Não nos esqueçamos que o termo ‘ativo’ reflete a capacidade de participação, de forma contínua, na vida social, económica, cultural, espiritual e cívica.

Para a agência mundial especializada em saúde, a definição vai muito além da possibilidade de ser física e profissionalmente ativo, na medida em que faz a defesa do envelhecimento ativo como o processo de otimização das oportunidades para a saúde, participação e segurança, para a melhoria da qualidade de vida à medida que as pessoas envelhecem. Nas respostas globais à questão do envelhecimento, lembrar que a família, a comunidade e a sociedade têm um forte impacto na forma como se envelhece. Cuidemos das nossas.

OPINIÃO EM DESTAQUE
Coordenadora do Centro de Estudos de Bioética – Pólo Madeira
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