Sobre ele escreveram-se milhares de escritos e livros.

A Quetzal publicou um livro "Dante uma Vida" de Alessandro Barbero traduzido em português por A. Guerra e J. Barreiros. A mesma editora publicou uma tradução de Vasco Graça Moura de "A Divina Comédia".

Referindo-se a Dante, J-Ramos Coelho escreve e V. Moura cita: "E queres que traduza a intraduzível trilogia do vate de Florença, esse misto de luzes e de sombras, do céu, da terra, de quanto há de formoso, e horrendo e grande, cujas musas foram, ódio, vingança, amor, ciência, glória? Durante a minha longa estadia na Itália, muito ouvi falar da Divina Comédia, mas aconselhavam-me a não ler traduções mas as notas explicativas, porque o ritmo e a musicalidade são dimensões significativas, a importância da rima não reside só na estrita dimensão musical, embora ele seja também importante. O próprio Dante escreveu sobre a impossibilidade da tradução da poesia. Ele estudou muito o maior poeta latino, que muito aprecio, Virgílio, e as traduções deste grandíssimo poeta, matam a doçura, a harmonia e o ritmo que levavam os auditores aos aplausos.

Dante é uma contração de Durante. Nome muito comum em Florença, mas desconhecido da família dos Alighieri, o que pode significar que provinha da mãe. Dante perdeu o pai na sua infância que, então durava dos 7-8 anos aos 14, o que significa que o pai tinha morrido antes de 1279. A família de Dante estava dividida entre a realidade concreta dos negócios e as tentações aristocráticas. Boccaccio escreve que "Esta glória da raça italiana nasceu na nossa cidade no ano da redentora Encarnação do Rei do Universo de1265". Foi batizado, como todos os florentinos no batistério de São Giovanni, aquele a que Dante chamou o" meu belo São Giovanni."

No povoado de Santa Margherita morava outra família decisiva na vida de Dante, os Portinari, pai da menina Beatriz, de quem Dante se enamorou perdidamente, ela de nove anos e ele de oito. Dante garante que o amor nunca se apoderou para ele, ao ponto de sufocar o "fiel conselho da razão". Beatriz não se casou com Dante, mas com Gemma da qual teve vários filhos. Os amigos introduziram-no, num ambiente social elevado. Na escola estudou latim, necessário para ler a Bíblia. Aos 25 anos chocado com a morte de Beatriz começou a ler Boécio e Cícero, em Bolonha. Estudava tanto que a vista ficou perturbada, teve de tratar-se ficando longas hora às escuras. Estudou gramática, dialética,retórica, astrologia, aritmética, geometria, música e poesia. Estudou os poetas clássicos Ovídio, Lucano e Virgílio, o nome que mais cita com reverência é o de Aristóteles.Ouvia também os Mestres franciscanos e dominicanos nas escolas dos religiosos em Florença. Concluiu que o melhor modo para aprender é lendo livros por conta própria. Devido a tomar parte nas fações políticas chegou a ser condenado à morte por contumácia e expropriado de todos os seus bens, iniciando um longo exílio.

Neste tempo do Advento, que nos apresenta Maria e seu Filho,é belo recordaro maravilhoso cântico XXXIII de Dante, tradução de V. Moura.

"Virgem Mãe, que és filha de teu Filho,

humilde e alta mais que criatura,

de eterno querer termo fixo, e brilho.
Aquela és quea humanal natura,

tanto nobilitaste, que o factor,

não desdenhou fazer de ti factura.

No ventre teu reacendeu-se amor,

e em paz eterna fez que germinasse,

a seu calor assim tão bela flor.

Aqui nos és meridiana face,

de caridade, elá, entre os mortais,

és de esperança a fonte mais vivace.

Dona, és tão grande e tanto sobressais

que quem a ti por graça não recorre,

na ansia quer voar sem asas tais.

Benignidade em ti não só socorre,

quem pede, e quantas vezes na verdade

liberalmente antes da prece acorre.

Em ti misericórdia, em ti piedade,

em ti magnificência em ti se aduna

quanto em criatura exista de bondade.

E na profunda e clara subsistência

Do alto lume três círculos vi vir

De três cores e de uma continência".