Muitos nomes e situações poderia relatar com os famosos Collaudatori Alfa Romeo, ocorridas durante quase 106 anos de existência, desta marca indelével da indústria automóvel. Um episódio curioso ocorrido com um alto director da FIAT chamado Dr Umberto Agnelli durante uma visita à brasileira F.N.M - Fábrica Nacional de Motores, na época já sob total controlo dos capitais pela Alfa Romeo e que produzia modelos de automóveis com base nos seus modelos milaneses em especial os potentes e enormes camiões F.N.M. totalmente decalcados dos originais Alfa Romeo. O Dr Agnelli visitava as instalações após um acordo com a Alfa - ainda antes de fazer parte do grupo automóvel sediado em Turim -, para permitir à FIAT produzir e comercializar os seus camiões no Brasil e dessa forma a penetrar no mercado americano.

Giuseppe Casiraghi era o collaudatore de serviço, transportando o alto quadro de Turim a bordo de um Alfa Romeo para uma demonstração das suas habilidades a pedido do descendente dos famosos Agnelli. Após uma série de extraordinárias manobras, resultado da destreza e habilidade aliadas à mítica competência dos pilotos-de-testes Alfa Romeo - com o DNA-Alfa transmitido desde Nino Franchini - deixa extasiado o convidado de honra, após uma sessão de alta velocidade em pista, inversões de marcha duplas a 360o entre outras manobras onde só os magos do volante podem em segurança realizar. Agnelli, ao sair do Alfa Romeo, apertando-lhe a mão diz com um sorriso de agrado: - "...Quello che dicono dei collaudatori Alfa è pura veritá!" E, de facto ao longo das décadas assim foi. Eles marcavam a diferença e faziam escola na sua área. Agnelli convida-o para tomar a direcção dos testes de estrada para a Fiat, mas Casiraghi responde-lhe de imediato: "Grazie mille Dr. Agnelli! Mas ainda ontem fiz uma análise ao sangue e verificaram a presença do Biscione rosso!". Ele não podia aceitar a mudança de Milão para a casa de Turim. Seria uma traição à sua família de coração e alma dos alfisti. É realmente Essere Alfa Romeo.

Tinham ao longo do tempo, todos os collaudatori, uma espécie de pacto de sangue rosso e alfisti. Eram mais do que membros ou assalariados uma empresa, constituíam uma verdadeira família. Muitos passavam toda a sua vida profissional na empresa até à sua reforma. Transmitiam de geração em geração - desde o distante 1910 - todos os truques e dicas importantes nos testes efectuados muitas vezes sob secretismo, durante o desenvolvimento de um novo modelo e para que fosse também um sucesso e motivo de sorriso de satisfação do objectivo principal: o proprietário alfista! O último na cadeia genética ALFA, mas o mais importante elo da famiglia Alfa Romeo.