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Artigo de Opinião

17/12/2021 08:00

Como dizia o outro, "prognósticos só no fim" e manifestamente falhei à grande, uma vez que o ciclo de Rio não apenas não terminou, como pode estar mesmo a encetar o seu melhor período. Já muitos o disseram, mas não resisto: Rio saiu muito reforçado, não apenas como líder do PSD mas como candidato a Primeiro-Ministro. A assertividade e a sageza que revelou durante a campanha interna projetaram, na sociedade, uma imagem de político capaz, preparado, competente e corajoso que, até ao momento, não tinha conseguido alcançar. E isso também porque esteve em horário nobre quase todos os dias, o que foi inédito. Fizeram bem, portanto, as eleições a Rui Rio.

Vendo o seu poder reforçado, era e foi lógico e compreensível que Rio quisesse trazer para a ribalta política aqueles que lhes são mais próximos e que partilham a sua visão para o partido e para o país. As "limpezas" e as imposições que fez para as listas à Assembleia da República são legítimas. Se serão os melhores quadros e os melhores candidatos, saberemos após o dia 30 de janeiro. Mas não me parece razoável que os seus detratores utilizem as escolhas do líder para o criticarem. Estou certo de que se Rangel tivesse sido eleito líder do PSD, as listas de candidatos também refletiriam a sua candidatura e quem o apoiou. E se não me parece lógico criticar Rio porque, como líder com poder reforçado, utilizou a prerrogativa de tomar decisões e fazer escolhas, parece-me ainda mais ilógico e até insensato fazê-lo quando estamos a pouco menos de um mês de umas eleições legislativas em que o PSD tem reais possibilidades de vencer.

O 39º congresso do PSD decorrerá hoje e amanhã, em Santa Maria da Feira e então perceberemos melhor como se posicionarão os críticos de Rio. Sem prejuízo para a riqueza do debate que a diversidade sempre traz, seria, todavia, avisado, nesta fase, promover convergências. Até porque a política é feita de momentos e este é, manifestamente, o momento de Rio e dos seus apoiantes.

No seu programa, as autonomias estiveram quase ausentes, ainda que tenha dedicado dois dias para vir fazer campanha à Madeira. Será interessante ver que programa de governo Rio apresentará e se se comprometerá com as causas e reivindicações autonómicas. Porque para nós, madeirenses e autonomistas convictos, é até mais importante perceber como se posicionará um eventual governo de Rio, relativamente às nossas exigências, do que saber se será um governo de bloco central ou mais à direita.

Mas as próximas eleições também serão interessantes aqui na Madeira. O PSD-M optou por não mudar muito e mantendo sólida a ligação com o CDS decidiu ir coligado. Miguel Albuquerque, com visão estratégica, optou, uma vez mais, pela prudência que já lhe valeu algumas vitórias.

Já a liderança de Cafofo, em absoluto denorte e muito deficit de legitimidade (recorde-se que está demissionário há 3 meses), pretendeu substituir os dois primeiros da sua lista. Se Carlos Pereira foi poupado em nome da pouca unidade que ainda sobra e porque a liderança nacional não aceitaria a ausência de um dos seus bons deputados, já Olavo Câmara foi afastado em favor de Miguel Iglésias. Creio que esta decisão é mesmo o estertor do cafofismo, porque o PS arrisca-se a uma derrota histórica. E se assim for, estou certo de que os "jovens turcos", apoiados por Emanuel Câmara e muitos outros históricos socialistas, não permitirão que o PS-M continue a ser liderado por "cristãos novos".

Mas neste xadrez, há algo que nos deixa a todos perplexos: pelo discurso percebe-se que Sérgio Gonçalves não é nem nunca foi socialista na vida. Estou convencido que nem social-democrata é. O que leva, então, Sérgio Gonçalves apresentar-se a suceder Paulo Cafôfo?

A resposta a esta pergunta também será interessante de se acompanhar quando as facas longas do PS-M saírem na noite de 30 de janeiro.

Resta-me desejar a todos os leitores e colaboradores do JM um feliz e Santo Natal e um próspero Ano Novo.

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