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Artigo de Opinião

Diretor

25/05/2024 08:15

Volta e meia, a Madeira dá sinais de alguma tensão acima do aceitável. São cenas de pancadaria gratuita entre jovens em locais perfeitamente identificados, são roubos que acabam em agressões e maus-tratos aos de sempre: idosos, jovens com álcool a mais e cidadãos com posses a menos.

Vale a pena fazer um breve resumo do que aconteceu nos últimos dias.

No sábado passado, soube-se que um ladrão atacou uma mulher idosa durante um assalto a casa, em São Roque.

No domingo, foram notícia no Jornal os diversos casos de pancadaria na Rua das Fontes e na Zona Velha da Cidade. Foram filmados, exibidos e partilhados vídeos nas redes sociais com imagens de uma violência cruel.

Na segunda, em jeito de balanço, o JM deu conta de que 55 crianças e jovens da Madeira foram vítimas de crimes e de violência nos dois últimos anos, em 2022 e em 2023.

Na terça, um homem de 60 anos foi agredido até ficar inconsciente e um cidadão sem-abrigo foi socorrido com ferimentos sangrantes na cabeça. Onde? Nos locais habituais, pois claro!

Na quarta, voltámos às estatísticas e descobrimos que 117 profissionais de saúde foram agredidos na Madeira em menos de ano e meio.

Na quinta, foi notícia o estranho caso dos três cidadãos estrangeiros atacados com uma barra de ferro na Avenida Sá Carneiro.

Na sexta, foi notícia uma mulher atingida na mão por uma bala, num caso com ferimentos provocados por arma de fogo e do qual ainda se sabe muito pouco.

O que é que isto significa? Depende da perspetiva e do interesse de cada um neste tema. As autoridades locais e regionais dirão que se trata de mais uma semana normal numa cidade normal. As forças policiais falarão da diferença entre violência e perceção de insegurança. Dirigentes de partidos da oposição vão jurar que faltam regras e exigir polícias em todas as esquinas.

Entre estes extremos, o mais prudente é seguir pelo caminho do meio. Ou seja: nem o Funchal é uma cidade absolutamente tranquila, nem é uma capital violenta.

Este meio-termo não deve ser visto como sinal de que está tudo bem, porque não está. Nem pode dar azo a nenhum tipo de alarmismo, porque não há razão para isso. Mas carece de alguma capacidade de análise para consequente intervenção.

É evidente que ninguém pode adivinhar onde, nem quando, vão acontecer cenas de violência. Mas também é claro que alguns pontos da cidade estão perfeitamente identificados como locais propensos a cenas de pancadaria, sobretudo de madrugada e essencialmente aos fins de semana e vésperas de feriados.

Na posse destes dados, o mais razoável será atuar de forma preventiva, como se fez em outros locais da cidade com resultados interessantes. Lembre-se, a propósito, o que aconteceu em São Roque, no Funchal. Depois de identificados locais de consumo e tráfico de estupefacientes, as autoridades agiram em conformidade. A Junta de Freguesia esteve de prontidão, a Câmara do Funchal acompanhou e a PSP patrulhou a localidade de forma intensiva.

Esse esfoço não acabou com o crime, como mostram os casos desta semana. Mas diminuiu fortemente a atividade criminosa na localidade.

Se esse empenho conjunto resultou em São Roque, por que não adotar idêntico plano para as zonas centrais do Funchal que vivem recorrentemente cenas indignas e carregadas de violência?

Se todos sabem que os nervos andam mais exaltados em locais como a Rua das Fontes, a Avenida Sá Carneiro e a Zona Velha, então mais vale atuar preventivamente. Será mais eficaz ter agentes da Polícia no local antes dos desacatos do que lá chegarem depois do mal feito.

Talvez uma ação mais intensiva nesses pontos da cidade fosse determinante para fazer impor a ordem sem impedir o natural divertimento de jovens madeirenses e turistas, uns e outros com excessos em consumos e em porrada.

Perante este quadro, se olharmos apenas a esta semana, parece que a violência voltou a estar na moda, como aconteceu há quase dois anos. Mas, mais do que isso, o que se nota é um clima de alta tensão. Vivemos um tempo em que todos se acham cobertos de razão por tudo, por nada e pelo seu contrário. E o resultado expressa-se a murro, a pontapé, aos empurrões e à chapada.

O artigo que acaba de ler está de acordo com os princípios legais que acompanham o dia de hoje. Dizem as autoridades que este sábado, véspera de eleições, é dia de reflexão. Que se reflita, então.

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