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Artigo de Opinião

A arquitetura tem na sua génese um caráter modular, desde as construções tradicionais até ao movimento moderno, basta que se reflita, por exemplo, nas dimensões standard de um simples tijolo. A construção modular e a pré-fabricação provaram a sua eficiência na rápida reconstrução das cidades devastadas após a Segunda Guerra Mundial. Através da produção em massa de elementos pré-fabricados, foi possível reerguer edifícios de forma rápida e eficiente, devolvendo habitações e infraestruturas às áreas destruídas num curto espaço de tempo.

A arquitetura vernacular da Madeira caracterizada em parte pela sua modularidade, repetição métrica e reprodução de elementos, tem raízes profundas nas tradições construtivas locais, era uma solução lógica face às limitações impostas pelo transporte. Esta modularidade não é apenas uma questão estética, mas resulta de um entendimento prático das necessidades da comunidade, da economia de recursos e do contexto geográfico.

Além da reflexão sobre a modularidade, devemos refletir igualmente sobre a pré-fabricação na arquitetura regional, potenciando a transformação dos processos construtivos. É possível, através da pré-fabricação, criar componentes em ambientes controlados, fora do local da obra, com um maior nível de precisão e eficiência. A pré-fabricação pode ser adaptada para respeitar a identidade local, usando materiais e técnicas tradicionais em conjunto com processos contemporâneos, promovendo uma arquitetura mais sustentável e que responda de forma eficaz aos desafios atuais sem comprometer a qualidade ou a autenticidade. Estes processos reduzem significativamente o tempo de construção, diminuem os erros e oferecem uma maior economia em termos de mão de obra e materiais.

As soluções “prêt-à-porter” de contentores ou “casas feitas” promovidas com infeliz frequência em revistas de design e nas redes sociais, podem parecer atraentes, mas ignoram, frequentemente, a cultura local e a leitura do território. A arquitetura não deve ser uma mera cópia de tendências passageiras, mas sim um reflexo da identidade cultural e da história da região. Para que a arquitetura modular seja verdadeiramente eficaz e relevante, deve estar enraizada na cultura local e na paisagem.

A modularidade, a verdadeira modularidade, deve ser reinventada como uma ferramenta que atenda às necessidades contemporâneas, mas que também reforce a identidade cultural e respeite o contexto territorial. O futuro da arquitetura madeirense depende da nossa capacidade de aprender com o passado, ensaiando novas técnicas que garantam a continuidade da cultura arquitetónica da ilha.

OPINIÃO EM DESTAQUE
Coordenadora do Centro de Estudos de Bioética – Pólo Madeira
18/12/2025 08:00

Há uma dor estranha, quase impossível de explicar, que nasce quando alguém que amamos continua aqui... mas, aos poucos, deixa de estar. Não há funerais,...

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