O primeiro-ministro defendeu hoje que o multilateralismo é “o único caminho eficaz e sustentável para responder aos desafios globais” e pediu que se “ultrapassem resistências” a uma maior aproximação entre os blocos da UE e da CELAC.
Na sessão plenária da 4.ª cimeira entre a União Europeia e a Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos (CELAC), que decorre hoje em Santa Marta (Colômbia), Luís Montenegro salientou que este encontro se realiza “num contexto de desafios enormes à estabilidade e à ordem internacional baseada em regras”.
“Uma ordem internacional que deve adaptar-se a esses desafios e às novas realidades, mas que não pode nunca prescindir daqueles que são os seus valores fundamentais, a paz, o direito internacional, os direitos humanos e a democracia”, frisou.
Numa altura de tensões crescentes entre os Estados Unidos e países como a Colômbia e a Venezuela, Montenegro defendeu que o caminho deve ser “o reforço do multilateralismo”.
“Nós em Portugal temo-nos mantido firmes na convicção de que o multilateralismo representa o único caminho eficaz e sustentável para responder aos desafios globais”, disse.
Luís Montenegro voltou a defender a reforma do sistema multilateral das Nações Unidas, considerando que esta instituição “enfrenta sérios desafios” e deve ser “mais ágil e eficiente na defesa intransigente do direito internacional e dos direitos humanos”.
“E reiteramos o nosso compromisso com o apoio ao desenvolvimento sem o qual não há segurança. E, por isso, uma maior representatividade no Conselho de Segurança é também um aspeto essencial no qual a América Latina e as Caraíbas devem desempenhar um justo papel”, afirmou.
O primeiro-ministro português lamentou, por outro lado, as barreiras que ainda existem entre os blocos da UE e da CELAC a nível comercial.
“Durante demasiado tempo estas nossas relações económicas e sociais têm enfrentado demasiadas resistências e temos perdido muitas oportunidades precisamente por isso. É, portanto, tempo de nos concentrarmos em ultrapassar essas resistências e em avançar com ambição para, no concreto, podermos obter melhores resultados da nossa proximidade”, afirmou.
O primeiro-ministro afirmou que Portugal já o faz, a nível bilateral, com a abertura da economia, universidades, e empresas a esta cooperação.
“Por isso, temos defendido, na esperança de que o assunto possa encerrar-se de uma vez por todas, a conclusão do novo Acordo da União Europeia-Mercosul. Mas também o acordo modernizado entre a União Europeia e o México, os acordos com a União Europeia e o Chile, a Colômbia, o Equador, o Peru e toda a América Central”, apontou.
Numa intervenção de cerca de sete minutos, em que também abordou a importância de ações comuns no combate aos efeitos das alterações climáticos, Montenegro apelou a que, depois da cimeira, os avanços conseguidos passem das “declarações de retórica” para a vida das pessoas, deixando “um compromisso muito forte de Portugal com uma parceria virada para o futuro”.
“Uma parceria que preserva os nossos valores comuns, uma parceria que desenvolva maiores oportunidades de comércio e de investimento que se possa refletir em maior capacidade de gerar riqueza, porque só gerando riqueza se combate a pobreza e se serve o real interesse dos nossos cidadãos”, afirmou.