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25 Abril: Pertinência da revolução jamais poderá ser questionada

Data de publicação
23 Abril 2024
9:50

O poeta e músico guineense Ernesto Dabó servia a Marinha em Portugal quando se deu o 25 de Abril e, volvidos 50 anos e já na Guiné-Bissau independente, defendeu que a pertinência da revolução jamais poderá ser questionada.

Nascido na Guiné Portuguesa em 1949, Dabó mudou-se para a então metrópole em 1963, por orientações do pai para aí estudar, e foi nessas circunstâncias que acabou alistado para a tropa, servindo na Marinha.

O agora poeta e músico renomado na Guiné-Bissau contou à Lusa que no dia 25 de abril saiu de casa, no Barreiro, e, já no Terreiro do Paço, notou algo de anormal nas pessoas, mas só daria conta do que se passava ao chegar ao aquartelamento em Alcântara.

“Aquilo era uma festa que todo o mundo se abraçava [e gritava] acabou o fascismo”, lembra Ernesto Dabó, 74 anos, sentado na sua casa no Bairro Militar, nos subúrbios de Bissau.

O poeta foi desfiando histórias relacionadas com o 25 de Abril e quando questionado pela Lusa sobre o que acha daqueles que questionam a pertinência da revolução, soltou uma gargalhada.

“Meu Deus, questionar a liberdade em relação à opressão isso não sei se alguém normal consegue justificar isso”, defendeu o poeta guineense, considerado um dos “senadores da República”.

Ernesto Dabó foi buscar o paralelismo com o saudosismo em relação ao ditador alemão Adolf Hitler que, lembrou, desapareceu há mais de 75 anos, mas que ainda “é idolatrado por promotores do neofascismo”.

Dabó entende ser natural que também em Portugal haja forças que “resistem pensando que a história parou”.

Um dos precursores da música moderna guineense, Dabó compreende que dirigir um país “é algo muito complicado”, mas já não aceita que se diga ser necessário que haja “um novo 25 de Abril” nem para os países africanos e nem para Portugal.

“Quando se vê Portugal hoje”, disse, “já não há uma máquina opressora que limita as liberdades das pessoas como no tempo do fascismo”.

Dabó considera que “está enganado” quem pensa que o regime antes do 25 de Abril é que era melhor para Portugal.

Segundo a sondagem “Os Portugueses e o 25 de Abril”, feita pelo Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa (ICS-ULisboa) e pelo Iscte-Instituto Universitário de Lisboa a propósito do 50 anos da reevolução, a maioria dos portugueses não rejeita explicitamente formas de governo incompatíveis com a democracia participativa.

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