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Síria: Líder rebelde assume governo de país devastado por 13 anos de guerra

Data de publicação
10 Dezembro 2024
16:55

Mohammed al-Bashir, figura de destaque da oposição armada ao presidente deposto da Síria, Bashar al-Assad, foi hoje nomeado chefe de um governo de transição, herdando um país devastado e fraturado por 13 anos de guerra.

Nascido em 1983 em Jabal al-Zawiya, na província de Idlib, Bashir viu a sua região tornar-se o último bastião da oposição armada após anos de guerra civil, tendo liderado um “Governo de Salvação”.

O conflito sírio começou em 2011, depois de o regime de Assad ter reprimido brutalmente uma revolta popular. Foi a partir desta região que foi lançado o último ataque rebelde.

Antes de assumir um papel nacional graças à tomada do poder pelo grupo islamita Hayat Tahrir al-Sham (HTS) e fações aliadas, Bashir era uma figura relativamente desconhecida dos sírios fora da sua região natal de Idlib.

Formado na Universidade de Alepo, Mohammad al-Bashir estudou inicialmente engenharia elétrica e eletrónica, mas também aprendeu direito civil e islâmico na Universidade de Idlib, segundo a sua biografia.

Trabalhou na companhia nacional de gás da Síria antes de se juntar à administração rebelde em Idlib, onde ocupou o cargo de ministro do Desenvolvimento e depois de chefe do “Governo de Salvação” desde janeiro.

Criado em 2017 no enclave de Idlib para prestar serviços às populações isoladas das infraestruturas do Estado, este governo autoproclamado tem os seus próprios ministérios, departamentos administrativos, autoridades judiciais e de segurança.

Recentemente, começou a expandir-se para Alepo, a segunda cidade da Síria e a primeira grande área urbana a cair nas mãos dos rebeldes após a sua ofensiva relâmpago.

Assumir o comando de uma região rebelde com cerca de cinco milhões de habitantes é, no entanto, uma tarefa muito diferente de desempenhar um papel de liderança nacional num país marcado por profundas divisões.

Para além das divisões internas no seio dos rebeldes, outros grupos estão também a tentar afirmar-se.

Bashir apareceu pela primeira vez na segunda-feira fora do reduto rebelde, de fato e gravata, com o rosto emoldurado pela barba, num breve vídeo de uma reunião entre Abu Mohammad al-Jolani, líder do HTS, e o antigo primeiro-ministro Mohammed al-Jalali, para “coordenar a transição de poder”.

Jolani falou da experiência adquirida pelas autoridades locais na gestão da região de Idlib. No entanto, admitiu a necessidade de o novo governo contar com pessoas experientes da administração cessante.

Radwan Ziadeh, especialista em Síria do Centro Árabe de Washington, nos EUA, descreve Bashir como “o mais próximo” de Jolani e da câmara de operações conjuntas das fações rebeldes.

“Mas os desafios que ele enfrenta são verdadeiramente imensos”, diz.

“Tal como a revolução foi uma revolução para todos os sírios, o processo de transição deve ser um assunto de todos os sírios para garantir o seu sucesso e assegurar uma transição pacífica para a democracia”, acrescentou.

Os rebeldes declararam no domingo Damasco ‘livre’ do Presidente Bashar al-Assad, após 12 dias de ofensiva de uma coligação liderada pelo grupo islâmico Organização de Libertação do Levante (Hayat Tahrir al Sham ou HTS, em árabe), juntamente com outras fações apoiadas pela Turquia, para derrotar o governo sírio.

O Presidente sírio, no poder há 24 anos, deixou o país perante a ofensiva rebelde, segundo o Observatório Sírio dos Direitos Humanos (OSDH), e exilou-se na Rússia.

Rússia, China e Irão manifestaram preocupação pelo fim do regime, enquanto a maioria dos países ocidentais e árabes se mostrou satisfeita por Damasco deixar de estar nas mãos do clã Assad.

No poder há mais de meio século na Síria, o partido Baas foi, para muitos sírios, um símbolo de repressão, iniciada em 1970 com a chegada ao poder, através de um golpe de Estado, de Hafez al-Assad, pai de Bashar, que liderou o país até morrer, em 2000.

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