As Nações Unidas consideraram hoje que o diálogo político em Moçambique para a paz representa um "raio de esperança" face às múltiplas crises que o mundo atravessa, elogiando o compromisso das lideranças do país africano com a inclusão.
"O mundo está em crise" e "diante deste cenário sombrio, o diálogo político de Moçambique pela paz tornou-se um raio de esperança", disse Cristina Duarte, representante do secretário-geral da Organização das Nações Unidas na cerimónia que marcou em Maputo o fim do processo de desarmamento e desmobilização do braço armado da Resistência Nacional Moçambique (Renamo), principal partido da oposição.
"Moçambique demonstrou que conflitos podem ser resolvidos pacificamente, por meio de um diálogo honesto, aberto e com inclusão política", realçou Cristina Duarte.
A representante de António Guterres referiu-se em particular ao compromisso do Governo de pagar pensões aos antigos guerrilheiros da Renamo como ato que traduz a vontade de inclusão social e reconciliação nacional.
"A decisão de se estender o sistema de pensões para os desmobilizados é um ato de reconciliação e um passo decisivo em relação à construção da nação", enfatizou.
Cristina Duarte destacou que a medida é um importante contributo para a consolidação da paz em Moçambique e serve de inspiração para outros países que procuram acabar com conflitos armados.
O ato de hoje é o culminar do encerramento no dia 15 da última base do braço armado da Renamo e é parte do processo de Desarmamento, Desmobilização e Reintegração (DDR) previsto no Acordo de Paz e Reconciliação Nacional assinado em agosto de 2019.
O acordo foi o terceiro assinado entre o Governo e a Renamo, tendo sido os dois primeiros violados e resultado em confrontação armada, na sequência da contestação dos resultados eleitorais pelo principal partido da oposição.
No âmbito do DDR, 5.221 guerrilheiros da Renamo voltaram para casa.
A cerimónia de hoje contou com a participação de chefes de Estado da Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC), representantes da ONU e do corpo diplomático acreditado em Maputo.
Lusa