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Jornadas Madeira: "é preciso requalificar a imagem que a sociedade tem da agricultura"

JM-Madeira

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Data de publicação
20 Abril 2023
10:45

Miguel Ângelo Carvalho, professor da Universidade da Madeira (UMa) e coordenador do Centro ISOPlexis - Centro em Agricultura Sustentável e Tecnologia Alimentar, abriu X sessão da IV edição das Jornadas Madeira 2023, subordinada à Agricultura e Desenvolvimento Rural.

No Salão Nobre da Câmara Municipal de Santana, Miguel Ângelo Carvalho partilhou com a plateia, que lota por completo o salão, os desafios que se aproximam, advogando essa necessidade de "requalificar a imagem que a sociedade tem da agricultura", ou seja, a agricultura "não pode ser vista como uma atividade feita por pessoas não podem fazer mais nada", deixando implícito que será um pouco essa a imagem que a sociedade terá do setor.

Miguel Ângelo Carvalho constata que "houve uma tendência, desde a década de 90, de muito abandono agrícola regional, e temos nesta altura, conforme as últimas estatísticas, apenas 4.000 hectares de área útil agrícola".

Um abandono que teve "consequências ao nível da agricultura e alimentação, perda da agro-diversidade, mas também na própria economia global", e essa recuperação territorial será o primeiro grande desafio.

O segundo desafio, segundo Miguel Ângelo Carvalho, tem "a ver com um problema que é que estamos todos cada vez mais velhos e muitos abandonam a atividade sem a passarem às gerações seguintes. Há muitos constrangimentos à renovação, que leva à perda de conhecimento, do saber fazer e resulta com que muitos de nós não tenhamos uma relação tão afetiva com o território onde nascemos".

Como terceiro grande desafio, o professor aponta que "irão ter muitos impactos as alterações climáticas, mas não sabemos ainda muito bem como tudo se irá processar. Muito irá depender da nossa capacidade de manter os sistemas locais de produção em qualidade e quantidade". Miguel Ângelo Carvalho enfatiza que "vamos ter uma subida de temperatura numa média de três graus", entre outras nuances, detetando consequências "como perdas de nutrientes e algumas culturas poderão ficar desenquadradas e teremos de as praticar em outros sítios".

No quarto desafio, "temos a questão da globalização, com cadeias longas altamente insustentáveis e fazem perigar a produção local. Associando a todos os outros desafios, levam a uma perda da capacidade de abastecimento".

Nesta sua leitura, "a Região não deverá ser capaz de garantir mais do que entre 20% a 40 % do seu alimento", pelo que urge tomar medidas, com Miguel Ângelo Carvalho. "Uma maneira é desenvolvendo uma estratégia e compromisso em torno da agricultura", que não pode, então, "ser vista como uma atividade feira por pessoas que não podem fazer mais nada, não pode ser vista desta forma, é preciso requalificar a imagem que a sociedade tem da agricultura".

David Spranger

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