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Indústria do tabaco emprega milhares e gera 124 milhões de euros na Madeira e Açores

JM-Madeira

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Data de publicação
30 Março 2023
10:30

O Iscte Executive Education apresenta esta quinta-feira o estudo "O impacto social e económico da indústria de tabaco em Portugal", que faz um retrato aprofundado deste setor produtivo, responsável pela quinta produção mais relevante para as vendas da indústria nacional e que respondem por cerca de 15% das vendas de cigarros da União Europeia.

Responsável pela geração de milhares de empregos nas ilhas, a indústria de tabaco originou, nos Açores e Madeira, um volume de negócios total de praticamente 124 milhões de euros, o que corresponde a 1,33% do PIB das duas regiões autónomas.

Presente na economia portuguesa desde o século XVI, esta atividade é, aos dias de hoje, representada por três grupos empresariais - a Fábrica de Tabaco Micaelense, a Empresa Madeirense de Tabacos e a Tabaqueira, subsidiária portuguesa da Philip Morris International -, tendo um "rastro geográfico muito relevante, já que as quatro unidades produtivas no ativo se encontram distribuídas pelo território Continental e pelas Regiões Autónomas dos Açores e da Madeira", pode ler-se no comunicado do ISCTE.

Com o objetivo de estimar o real contributo económico e social desta indústria transformadora em Portugal, o Iscte Executive Education elaborou este estudo a pedido da Tabaqueira, considerando três dimensões de análise - a social, a fiscal e a económica -, seja por via do seu impacto direto (relacionado com a atividade dos grupos empresariais do setor do tabaco em Portugal), seja através do seu impacto indireto (localizado ao nível das empresas que fornecem serviços e bens às anteriores), por forma a abarcar a longa cadeia de valor que depende desta atividade, incluindo fornecedores, colaboradores, distribuidores, clientes empresariais, clientes individuais, o Estado, entre outros.

O estudo realizado permite observar que o setor industrial de tabaco, em 2021, "impactou diretamente 3.186 trabalhadores (indústria e fornecedores), mas o seu espaço de influência é muito superior quando considerada a sua cadeia de valor, ao interagir com um universo total de 43.848 pessoas - incluindo trabalhadores em distribuidores e em canais de venda e respetivas empresas fornecedoras".

De acordo com o estudo, é nas Regiões Autónomas dos Açores e da Madeira que se verifica uma maior proporção da população ativa impactada pela atividade gerada pela indústria.

A atividade da Fábrica de Tabaco Micaelense impacta um universo total de 3.422 pessoas (valor é constituído pelo número de trabalhadores de toda a cadeia de valor juntamente com o agregado familiar dos trabalhadores impactados diretamente), tanto nos Açores, onde está instalada a sua unidade produtiva, como na Madeira, onde tem presença através de uma operação de distribuição. Por sua vez, a Empresa de Tabacos Madeirense, com duas unidades produtivas (uma em Ponta Delgada, Açores; outra em Machico, Madeira) e negócio de distribuição nas duas regiões autónomas, impacta um universo total de 3.595 pessoas.

Em 2021, a operação e a comercialização dos produtos fabricados pelos três grupos empresariais do setor do tabaco gerou receitas para o Estado de aproximadamente 1,2 mil milhões de euros, o que corresponde a quase 3,3 milhões de euros por dia.

A "pegada económica" desta atividade industrial é igualmente relevante. No universo da indústria transformadora nacional (constituída, no total, por 67.252 empresas), quando segmentada por atividade económica, as empresas deste setor ocupam a segunda posição relativamente ao volume de negócios médio, logo após as empresas do setor petrolífero. Além do mais, o volume de negócios médio do setor industrial de transformação de tabaco é 106 vezes superior ao registado pelas empresas dos vários setores da indústria transformadora portuguesa.Com um contributo de 260 milhões de euros para o Valor Acrescentado Bruto total do produto interno bruto português, por cada euro investido pelos três grupos empresariais do setor foram gerados 1,40 euros na economia nacional. "Igualmente, a sua contribuição é muito positiva para a balança comercial portuguesa, com um saldo positivo de mais de 589 milhões de euros", pode ler-se na comunicação divulgada.

Sendo o principal cliente da Fábrica de Tabaco Micaelense e um dos mais relevantes da Empresa Madeirense de Tabacos, a Tabaqueira é o principal operador económico do setor e posiciona-se no TOP 50 das maiores empresas portuguesas, tendo um papel relevante na dinamização da economia nacional, como evidencia o volume de compras anual (114,5 milhões de euros) a fornecedores nacionais (2.570, 93% do total) em 2021.

Segundo os dados obtidos, desde 1997, ano em que adquiriu a Tabaqueira, a Philip Morris International investe anualmente, em média, cerca de 15 milhões de euros anuais em Portugal, o que tem permitido à sua filial portuguesa alocar recursos à transformação da atividade - com maior foco na eficiência, na descarbonização e na sustentabilidade da operação. Em 25 anos, a capacidade produtiva da Tabaqueira duplicou e a sua vocação tornou-se, essencialmente, exportadora: em 2021, as exportações ascenderam a 719 milhões de euros e equivaleram a 86% do total da produção da companhia.

Para este desempenho, contribuíram igualmente os centros de excelência e departamentos globais que a multinacional tem vindo a instalar, desde 2016, no mercado nacional e que prestam serviços a outros mercados e regiões do grupo PMI. Em 2021, cerca de 9% do volume de negócios da empresa (mais de 36 milhões de euros) - e 5% do valor exportado - já correspondeu à prestação de serviços de alto valor acrescentado, aos quais estavam alocados, então, cerca de duas centenas e meia de trabalhadores altamente qualificados.

José Crespo de Carvalho, presidente da comissão executiva do Iscte Executive Education, afirma que, atualmente, "os três grupos empresariais que constituem esta indústria dinamizam uma atividade económica assente numa longa cadeia de valor, com muitos milhares de outros agentes económicos, e que, apesar de pouco conhecida, é um dos pilares da indústria portuguesa.

Por seu turno, Marcelo Nico, diretor-geral da Tabaqueira, refere que "os últimos anos têm sido de grande transformação da nossa atividade, visto que o nosso grupo assumiu publicamente, em 2016, a ambição de transformar o seu negócio e caminhar progressivamente para o fim da comercialização de cigarros, tendo investido desde 2008 mais de 9 mil milhões de euros no desenvolvimento, substanciação científica, fabrico, comercialização e inovação contínua de produtos sem combustão, substanciados em evidência científica e com potencial de redução de risco".

Perante esta mudança de paradigma, acrescenta, "é importante adequar as condições de contexto para que este setor se mantenha competitivo e como um dos motores industriais da economia portuguesa."

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