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Incêndios: Presidente do SJ na Madeira afiança que em diferentes momentos “a comunicação social foi barrada”

Data de publicação
20 Novembro 2024
14:58

A Comissão parlamentar de Inquérito para ‘Apuramento de responsabilidades políticas no combate aos incêndios ocorridos entre o dia 14 e 26 de agosto’ ouve, esta tarde, o presidente da direção da Madeira do Sindicato de Jornalistas. Numa primeira intervenção, Filipe Gonçalves considerou ser tempo de refletir e tirar as devidas ilações dos acontecimentos e “de falarmos abertamente, sem pudor e sem medos de Liberdade de Imprensa, tentativas de condicionamento e pressões que são feitas aos jornalistas”.

Isto lembrando o comunicado enviado pelo SJ dando conta de tentativas de condicionar a cobertura dos acontecimentos. “Em resposta ao nosso comunicado, foram muitas as vozes que se levantaram para falar em coragem por termos denunciado um problema que todos sabiam da existência, mas faltava alguém admitir.”

O sindicalista entende que foi posto “o dedo na ferida” e já colhidos alguns frutos, como o facto de estar a ser debatido o jornalismo e os jornalistas no parlamento madeirense e a participação do SJ em reuniões com partidos e outras instituições que nos procuraram para escutar as nossas preocupações”.

Depois de lembrar que o jornalismo se rege por um código deontológico e normas consagradas na Constituição Portuguesa, Filipe Gonçalves sustentou que “de entre os deveres e direitos, ao jornalista, nunca, por nenhuma circunstância, deve ser negado o acesso à informação. E, quando assim é, terá de ser denunciado. De imediato. E sem medos. Foi o que este sindicato fez aquando dos incêndios que fustigaram a Madeira, em agosto”.

Assim, “chegaram ao nosso conhecimento várias queixas sobre jornalistas que estavam a ser barrados no acesso a determinadas zonas onde decorriam os incêndios”. Como assegurou, “houve jornalistas que foram obrigados a sair, escoltados pela PSP. E quando tentaram perceber o porquê de determinada atitude, foi-lhes dito apenas que tinham de abandonar a zona e que ali só podiam permanecer os moradores”

Já nas respostas aos deputados, Filipe Gonçalves afirmou sem qualquer tipo de hesitação que houve momentos em que “a comunicação social foi barrada”, foi vedado o acesso a zonas onde era importante transmitir informação à população, não com a intenção do alarmismo mas com a missão de informar, vincou, mas foi impedida a passagem a vários órgãos de comunicação social.

Filipe Gonçalves lembrou ainda quando o governo “desmentiu” notícias da vinda de canadairs, para ajudar no combate às chamas, “mas, aquilo que era mentira, poucas horas depois acabou por ser verdade”.

“Em nosso entender, nestes últimos incêndios houve falta de transparência e, em alguns casos, impedimentos à cobertura daquilo que estava a acontecer no terreno. Ainda não conseguimos perceber o porquê. Para quem andava a fazer cobertura dos incêndios, junto das zonas mais afetadas, falava em duas realidades: a que era dita nas conferências de imprensa e a que realmente estava a acontecer no terreno”, sustentou na sua primeira declaração, ao que, nas respostas, mostrou vídeos e notícias publicadas que demonstram que “as imagens não mentem”.

Mas, Filipe Gonçalves também assumiu “a meia culpa”, porque “nem tudo correu bem da parte dos jornalistas. Errar é humano. Se calhar até podíamos fazer melhor, mas o desgaste era tanto, o cansaço físico e psicológico era de tal forma que não evitamos cometer falhas”.

Em suma, referiu o sindicalista, “no decorrer dos incêndios, alguns governantes olharam para os jornalistas como um entrave e não como um elemento de extrema importância para informar e esclarecer a população. É esta mentalidade que tem de ser alterada. Já demonstramos em outras ocorrências que um jornalista informado consegue informar melhor a população. Desta vez, isso não aconteceu. Também não percebemos porquê”.

A concluir a sua declaração, antes de responder aos deputados na comissão presidida pela socialista Sancha Campanella, Filipe Gonçalves advogou que “é de vital importância que se fale de jornalismo. De Liberdade de imprensa. Ataques ao dever de informar. Pressões aos jornalistas. Estamos aqui numa atitude de colaboração, não queremos atacar ninguém, apenas queremos alertar, numa atitude pedagógica, para que situações como as que aconteceram nos incêndios de Agosto, não se repitam.

O sindicato aproveita esta oportunidade para reiterar o respeito que tem por todas as forças de segurança, de proteção civil, militares, policiais e de todos os restantes operacionais das autarquias e juntas de freguesia que estiveram no terreno. Enaltecemos o trabalho árduo desenvolvido em circunstâncias adversas”.

Concluiu, assegurando que “este Sindicato tudo fará para salvaguardar a profissão do jornalista e estará atento a quaisquer condicionamentos à atividade do jornalista. E como costumo afirmar: Se o jornalista não estiver atento aos perigos que o rodeiam, corre um sério risco de ser utilizado como arma de propaganda. E, termino citando a canção de Adriano Correia de Oliveira: “há sempre alguém que resiste, há sempre alguém que diz não”.

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