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Artigo de Opinião

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13/10/2021 08:00

É essa a questão!

Primeiro foco foi a carreira profissional, algo que já desempenhava desde 2009, na altura nem a mãe dos meus filhos conhecia. Só em 2013 é que regresso à Madeira! Tinha não sei quantos mil sonhos!

Além de desenvolver algo na área profissional, havia outro foco, o de também iniciar o doutoramento. A nível cívico, a Madeira nunca deixou de ser um objetivo, com meu blogue, com um nome provocador Madeira Minha Vida, Madeira meu País, que, era afinal o sentido da cultura francófona, de comunidade com a sua identidade própria e a sua forma de falar a língua nacional. Desejava fazer algo pela nossa região e ainda havia tanto no Mundo para conhecer e aprender nesse aspeto! Aventurei-me a candidatar-me à JSD/Funchal, que perdi. Logo, podia não ser a altura para ser pai, mas as derrotas fortalecem aquele que se bate por causas e aí conheci a mãe dos meus filhos! Ela emigra! Eu fico na ilha! Ela regressa!

Vamos fazer algo pela nossa terra, este é o momento, participámos ativamente na disputa pela sucessão de Alberto João Jardim, o líder carismático, através da candidatura de Manuel António a líder o PPD/PSD-Madeira, que, infelizmente, perdeu. Mas, "plus une fois", o importante é a vida e esta só se faz com vigor quando se entrega a causas.

A vida contínua instável, nada é certo e tudo é incerto.

Eis que ela fica grávida, estamos em 2015. Ninguém pode dizer que nos sentimos preparados, quando se sabe da notícia que vamos ter um ser ao nosso cuidado, o nosso primeiro filho. As 40 semanas de gestação, não são unicamente para o desenvolvimento do feto, mas também para nossa preparação mental. Deixaremos de ser o "Eduardo" e passámos a ser o "papá de…".

Todos os conselhos são inúteis, mesmo dos maiores especialistas do Mundo, dos melhores livros que existam, somos nós que saberemos o que é melhor para ele, porque o melhor não vem nos livros, em cada momento, há a síntese do cérebro e do coração.

Questionei-me várias vezes: Por que ter filhos?

A resposta não é fácil, antes de os ter nos nossos braços, antes de os ter no nosso colo, pois é um investimento péssimo a nível financeiro! Como é possível existir algo tão frágil e, a um tempo tão decisivo nas nossas vidas? Sentimos um amor, que parece não caber dentro de nós, algo que não sabíamos sequer que existia.

Aos 29 anos, senti que deixei de ser adolescente e passei a ser um adulto com a responsabilidade de ter alguém tão precioso na vida como um filho.

Estes últimos 6 anos tornaram-se os mais importantes da minha vida, ainda mais densos desde o ano passado, ano em que nasceu o meu segundo filho.

Deixamos de sentir orgulho unicamente nas nossas conquistas, porque as conquistas dos nossos filhos tomaram a dianteira e passaram a ser parte da nossa realização! Desde o primeiro passo, à primeira palavra, à ida à creche, à primeira doença, à primeira ida ao hospital com ele doente em que nos sentimos impotentes e com um nó na garganta perante a sua dor, sem saber o que fazer. A felicidade que temos quando eles riem, brincam, esperam por nós para brincar e até uma descoberta na escola que querem partilhar! Haverá algo mais importante que isso? A dor que nos dá, quando temos de aplicar qualquer corretivo para que ele possa crescer bem e seja um adulto educado e responsável.

Em 6 anos, não vejo o meu filho como um adulto, mas através da transformação da ida de novo para a escola dos crescidos. É mais um desafio, o desafio de superar novas dificuldades!

Olho para trás e vejo que nada do que fiz foi tão importante como ser pai, nada é tão importante como ter os sorrisos do Eduardo e do Dinis! É claro que tive que adiar os sonhos de concluir o doutoramento e não me envolver em nada na política, agora tenho a certeza de que fiz o certo, apesar de, se calhar, errar enquanto pai, pois os melhores pais são aqueles que não têm filhos, mas com uma certeza de que os irei sempre proteger-lhes e dar tudo de mim!

Tal como diria o poeta Oswald de Andrade: "Aprendi com meu filho de dez anos/ Que a poesia é a descoberta/ das coisas que eu nunca vi".

Na vida o momento certo é este!.

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