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Artigo de Opinião

Coordenadora do Centro de Estudos de Bioética – Pólo Madeira

8/08/2021 06:14

Os indígenas estabelecem uma relação especial com as suas terras e a natureza. Têm visões e posições muito próprias e um conhecimento único, por vezes, pouco valorizado. Acreditam que muitas doenças são causadas pela má relação estabelecida entre o ser humano e o meio ambiente. São conhecidos pela utilização de plantas e outros remédios tradicionais no tratamento de diversas doenças. Existem relatos impressionantes de cura, o que justifica a existência de centros de medicina indígena e de enciclopédias com o registo exaustivo de plantas medicinais e do seu poder curativo.

Os povos indígenas têm um papel fundamental na proteção do meio ambiente e no combate às alterações climáticas. De acordo com os dados da Food and Agriculture Organization of the United Nations (FAO), cerca de 28% da superfície terrestre mundial é cuidada por indígenas e alguns acabam por viver em florestas ecologicamente indemnes. Estas áreas são importantíssimas para a redução de emissões de gases e para a manutenção da biodiversidade. Milhares de pessoas, de animais e de espécies vegetais dependem destas florestas que são consideradas os pulmões do planeta e o habitat natural de mais de 75% da biodiversidade terrestre mundial.

Os indígenas vivem em plena harmonia com a natureza, têm um estilo de vida sustentável, as técnicas que utilizam na agricultura permite a preservação da biodiversidade, o cuidado com as florestas e com as montanhas, reduz a erosão, preserva o solo, diminui o risco de desastres e conserva a água, os habitats e a paisagem. Diversos relatórios da ONU apontam que a biodiversidade dos ecossistemas melhora quando são habitados pelos povos indígenas e que estes povos podem ser considerados como verdadeiros guardiões dos preciosos e escassos recursos naturais.

No entanto, os indígenas são vítimas de constantes massacres, sofrem com a desflorestação, com incêndios provocados por empresários da agricultura industrial, do gado, da madeira e do minério, com a invasão e ocupação das suas terras e com a ignorância da população em geral. Estes ataques resultam na morte de várias pessoas indígenas, na violação de direitos humanos, na destruição de tribos, de florestas tropicais, na poluição dos rios, na contaminação das águas, na destruição da natureza que, consequentemente, ameaçam as fontes naturais de saúde e de alimentação destes povos, provocando situações de desnutrição devido à escassez de alimentos.

Os Governos devem travar os ataques constantes a esta população, punir os responsáveis e, juntamente com o povo indígena, analisar os projetos de lei que regulam a exploração de recursos minerais, hídricos e orgânicos nas reservas indígenas, de forma a garantir o respeito pelo meio ambiente e pelos direitos das comunidades indígenas, reconhecidos pelo direito internacional e presentes na Declaração das Nações Unidas sobre os Direitos dos Povos Indígenas.

Devemos muito a esta população e temos muito a aprender com a mesma. Falamos de líderes na proteção do meio ambiente, de grandes lutadores contra as alterações climáticas e de um povo fundamental para a Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável. Seres Humanos tão simples e humildes, mas cruciais para a existência de toda a espécie humana, arrisco-me a dizer, para a vida na Terra.

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