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Artigo de Opinião

HISTÓRIAS DA MINHA HISTÓRIA

16/08/2024 07:30

Entristecem-me imagens de animais a deambular nas ruas, a rondar esplanadas, com costelas protuberantes e pelo maltratado, pasto de pulgas e carraças. Fitam-nos de olhos magoados, indecisos entre o medo e o desejo de auxílio.

Entristecem-me as notícias de animais aprisionados com correntes, cordas e tudo o que para tal possa servir, sujeitos a outras violências, moribundos em recantos de quintal, porque os que deles deviam cuidar, esperam a sua agonia lenta. Os menos pacientes enforcam-nos, vão amarrá-los à serra, ou atirá-los para o fundo da ribeira.

Entristece-me ver, nas ruas do Funchal, cachorros, na posse de toxicodependentes que se espojam na calçada, com eles nos braços, para incentivar a esmola dos passantes. Os animais ficam imóveis, não porque estejam confortáveis, mas porque estão drogados. Não há quem tenha coragem de os abordar, nem poder que os enxergue!

Leis foram escritas para proteção dos animais de companhia. Dos outros, não vou falar aqui, embora também nos devam preocupar. As autoridades, apesar de alguma evolução, são titubeantes no auxílio que pode acontecer ou não conforme quem esteja de serviço.

Na escassez de respostas oficiais, em boa hora, surgem movimentos e associações que auxiliam os infelizes que têm a sorte de com eles se cruzar. Com uma dinâmica e coragem extraordinárias, resgatam, tratam e procuram adotantes e, quando são gatos ou cães bebés, eles surgem com facilidade.

É enternecedor ver um molhinho de pelo indefeso acarinhado pelo seu novo tutor – como agora se diz. Fico feliz e faço sempre votos para que esse amor inicial se mantenha quando o pequenote começar a fazer as necessidades fisiológicas fora de sítio, roer tapetes, sapatos, etc. Faço votos de que não falte a paciência para o ensinar, sem recorrer à violência, e que não prevaleça o desânimo que condene o bicho à clausura ou ao desejo de o devolver.

Na hora da adoção, impõe-se estar consciente de que acolhemos um ser senciente, que, ao longo de anos, precisará de alimentação, bem como de cuidados de higiene e veterinários, como sejam: a obrigatória vacina anual e as desparasitações, interna e externa, periódicas.

Não, eles não precisam de roupinhas, berloques, nem de outras decorações. As atenções de que carecem são conforto, carinho e paciência. A ternura que nos devolvem é mais do que compensadora. Para eles, somos o centro do mundo e, quando são abandonados, não entendem e permanecerão em sofrimento à espera que regressemos. E, desgraçadamente, em tempo de férias, muitos são deixados à sua sorte.

Este flagelo social arrasta-se e as estruturas de apoio são reduzidas. Os canis municipais, com instalações miseráveis e magras verbas financeiras, não conseguem dar resposta e o problema só se agrava. Impõe-se tomar medidas consistentes.

Para além de promover a esterilização dos animais, é urgente educar a população: dar formação, convencer polícias, professores, padres, catequistas, bibliotecários, enfim, todos os que falam para grupos, para que passem a palavra, para que todos se consciencializam de que não podemos continuar a deixar que os animais procriem ao ritmo da natureza para depois matar as ninhadas recém-nascidas ou abandoná-las. Para que não se continue a achar normal ter um bicho acorrentado toda uma vida, para que ninguém se sinta no direito de enforcar, espancar, amputar caudas ou patas para satisfazer fúrias ou outras insanidades a que os humanos se arrogam.

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