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Artigo de Opinião

«Os migrantes e refugiados não são peões no tabuleiro de xadrez da humanidade. Trata-se de crianças, mulheres e homens que deixam ou são forçados a abandonar as suas casas por vários motivos, que compartilham o mesmo desejo legítimo de conhecer, de ter, mas, acima de tudo, de ser mais.»

Papa Francisco

Por ocasião do Dia Mundial da Filosofia que se celebrou na semana passada, tive o grato privilégio de proferir uma palestra, intitulada “Os Ritmos dos Extremismos”, para estudantes do 11º e 12º anos da Escola Secundária Francisco Franco, a quem agradeço o convite na pessoa do Professor Carlos Nóbrega.

No período de perguntas e respostas que se lhe seguiu, houve várias perguntas e intervenções bastante interessantes, que demonstram que as gerações mais novas estão atentas ao que se passa no Mundo e na política, principalmente nos temas em voga, como seja o das migrações. Como não consegui responder a todas as questões deixo aqui algumas respostas em versão curta.

Nunca houve tantos migrantes como agora? Segundo Manfred Steger, ao longo de todos os períodos da história é possível notar que cerca de 3 a 5 % da população mundial é migrante. Neste momento estima-se que esse número seja à volta de 3,8%, sendo que a maior percentagem de pessoas deslocadas se situa em África logo seguida da Ásia e do Médio-Oriente, em boa parte por causa dos conflitos mais “quentes”.

Temos excesso de emigrantes que nos tiram empregos? Não, temos tido taxas de desemprego abaixo dos 4%, o que se considera pleno emprego.

E baixam os salários? Vários economistas propõem que não. Como também são consumidores fazem também aumentar o consumo interno fomentando o crescimento económico e salarial.

Os migrantes e refugiados “vêm viver à custa da Segurança Social”? Não. Os números mais recentes dizem que são bons contribuintes líquidos do sistema: Por cada euro que recebam contribuem com oito, para um ganho líquido de euros.

A criminalidade sobe por causa dos migrantes e refugiados? Nos últimos anos a população migrante em Portugal mais do que duplicou. No entanto o número de cidadãos estrangeiros detidos baixou para menos de metade. A título de curiosidade o crime que mais tem crescido em Portugal é o de violência doméstica.

Precisamos de refletir mais sobre nós e sobre as reações/relações com os outros também à luz dos valores que pretendemos, tantas vezes, defender.

A evolução da Humanidade (e não só), não deve ser lida apenas à luz da competição entre indivíduos, ou comunidades, mas também enquanto fruto da capacidade de empatia, de estabelecer relações e de colaboração, como bem explica Rutger Bregman no seu livro “Humanidade: Uma história de esperança” – uma leitura que sugiro para o período de Natal que se aproxima.

Estamos a menos de um mês de celebrar o que é um dos nascimentos mais célebres da humanidade, o do primogénito de um jovem casal de migrantes. Imbuído do espírito da época, não resisto a lembrar outra citação do Papa Francisco: «Queridos migrantes e refugiados! Não percais a esperança de que também a vós está reservado um futuro mais seguro; que possais encontrar em vossos caminhos uma mão estendida; que vos seja permitido experimentar a solidariedade fraterna e o calor da amizade!»

A si, que a cada quatro semanas dedica uns minutos do seu tempo a este espaço, desejo-lhe que nestes dias em que muitos comemoram a partilha e a dádiva, lhe seja também permitido experimentar a solidariedade fraterna e o calor da amizade genuína, quaisquer que sejam as suas crenças religiosas.

Dar e receber, não é tão simples como parece. Exige que confiemos.

OPINIÃO EM DESTAQUE
Coordenadora do Centro de Estudos de Bioética – Pólo Madeira
18/12/2025 08:00

Há uma dor estranha, quase impossível de explicar, que nasce quando alguém que amamos continua aqui... mas, aos poucos, deixa de estar. Não há funerais,...

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