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Artigo de Opinião

Professor

12/02/2024 08:00

Há quem veja, na atual situação política da Madeira, o fim dum ciclo, uma oportunidade para a esquerda unida tomar o poder na região. É um raciocínio razoável atendendo à prolongada hegemonia do PSD. Numa democracia liberal, o mais natural é haver alternância partidária. E esta até poderia ser uma porta aberta para a mudança. Mas há fatores importantes a ter em conta, apesar do ruido que a situação judicial provocou junto dos eleitores.

O legado do PSD é ainda muito superior às acusações de que sempre foi alvo pela oposição, mesmo que agora reforçadas por uma investigação aparatosa. O povo não esquece o hercúleo trabalho realizado em prol da Região.

Os mais novos, melhor preparados, e segundo estudos de opinião, parece não quererem deixar-se seduzir pela demagogia da esquerda liderada pelo PS. A crise global a que o PS levou o país afasta as novas gerações duma solução à esquerda. O crescimento irreversível do Chega vai dificultar uma qualquer geringonça regional, liderada pelo partido da rosa. Acresce que as experiências socialistas nas autarquias locais da Região em nada fomentaram o desenvolvimento dos respetivos municípios. Onde são poder, tudo ficou parado. É só mediatismo. Quando saem não deixam nada feito. Essa realidade jogará muito a favor do PSD. E é nas autarquias, em cada câmara municipal ou junta de freguesia que se consolida o poder regional. Facto que o PSD deixou de compreender em determinado momento. Ou achou que só a liderança regional seria determinante para garantir vitórias eleitorais.

Mas o partido do governo não pode repetir agora os mesmos erros do passado. Não pode, com sobranceria, fazer o que fez a chamada “renovação”. Pensar que o PSD ganha sempre e de qualquer maneira, sejam quais forem os seus dirigentes regionais ou locais levou a uma grande erosão do seu eleitorado. Foram milhares de votos perdidos eleição após eleição.

O PSD saído desta turbulência tem de voltar-se, de novo, para os melhores, em cada estrutura, em cada localidade. Não quer isso dizer o regresso de todos os antigos dirigentes. Ou simplesmente o afastamento de todos os que professaram a renovação. Não. Isso seria fazer igual e não traria qualquer benefício para o partido. A decapitação de 2015 não pode voltar a acontecer.

Mas há que aprender com os erros do passado recente. Entregar as estruturas locais nas mãos de gente politicamente competente é a maior das urgências numa lista de prioridades. As outras são por demais conhecidas. Rigor nas nomeações. Especialistas verdadeiramente especialistas. Cargos por mérito e não porque o indivíduo é um arrebanhador de votos de militantes nas estruturas internas. Etc. etc.

Alberto João Jardim costumava falar dos homens bons de cada concelho. Nunca se soube bem o que queria dizer com isso. Mas sabia-se perfeitamente que nessa lista não estavam incluídos os chicos espertos do burgo que estando sempre em bicos de pé gostam de fazer romarias à Quinta Vigia para vender realidades à medida dos seus interesses e ambições pessoais e que os dirigentes regionais compram sem pedir o contraditório. Sabe-se lá porquê.

Feitos os devidos ajustes, corrigidas as asneiras partidárias de palmatória, o capital político do PSD ainda é grande o suficiente para continuar a liderar a Madeira. Assim queiram os seus militantes e dirigentes. Porque o povo da Madeira não se deixará convencer com cantigas. E tudo pode resultar numa nova oportunidade.

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