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Artigo de Opinião

Bispo Emérito do Funchal

12/11/2023 07:45

O profeta Maomé, reza uma tradição, no princípio não proibiu totalmente de beber vinho e outras bebidas fermentadas. Esperava uma revelação de Allah que lhe disse: "Se os crentes te perguntarem sobre as bebidas fermentadas diz-lhes: "Elas produzem efeitos benéficos e prejudiciais, os prejuízos superam os benefícios". A resposta foi apenas um alerta. Uns aceitaram e outros não.

O profeta teve uma outra revelação: "Diz aos crentes que, ao menos, não venham ébrios para a oração, porque não saberão o que dizem". Aconteceu que um dia, o discípulo Ali, o predileto do profeta, que mais tarde havia de casar-se com a filha de Maomé, chegou à oração muito eufórico, pronunciando monstruosidades, de forma que lhe taparam a boca.

O profeta teve outra revelação: "Ouvi, crentes, as bebidas fermentadas são invenção do demónio, que intenta com elas afastar de Allah e da oração. Obedecei a Allah e ao seu profeta".

Acontecia, porém, que era difícil a alguns crentes não beber vinho em casa ou nos cafés, na Terra Santa. Os turcos, que exerciam algumas funções importantes, querendo beber, mas para evitar represálias, dirigiam-se aos conventos e obrigavam os religiosos a dar-lhes vinho, o que era um perigo para a comunidade religiosa, geralmente de franciscanos.

Um dia entraram no convento dos franciscanos do Hebron, soldados de cavalaria pedindo aos religiosos para lhes dar vinho. Como os frades negassem fazê-lo, ficaram furiosos. O Padre Custódio do mosteiro saiu ao encontro dos turcos e disse-lhes em bom árabe, cordialmente, e com grande tato, que o Governo turco tinha proibido aos frades de dar vinho aos maometanos. Disse-lhes, também, que não era por má vontade, nem mesmo por causa de dinheiro, mas que até lhes daria o necessário para comprarem o vinho fora do convento. Eles ficaram furiosos e disseram: " Não queremos dinheiro, queremos é vinho". Apresentaram uma garrafa vazia, para a encherem de vinho, de contrário degolavam todos os frades.

O Padre Custódio e os outros frades que assistiam à conversa, foram lentamente afastando-se para dentro das portas do mosteiro. Os soldados ficaram mais furiosos, depois de injuriaram os frades tentaram entrar no convento, encontraram um irmão avançado em anos e este caiu por terra sem sentidos. Apareceu um outro frade, que mais tarde foi Custódio da Terra Santa, que teve de fugir com feridas a sangrar. Interveio o irmão cozinheiro que, de assador de frangos na mão, entrou num quarto de porta muito segura onde permaneceu a noite e os frades não tiveram ceia.

Entretanto entram em cena as monjas gregas da igreja de São Salvador que avisaram o Governador da cidade, narrando o que estava a acontecer por causa de uma garrafa vazia.

O Governador, com um grupo de soldados, feriu os culpados e foi-lhes sentenciada a pena de morte. O Governador pede ao Padre Custódio para indicar qual seria o género de morte para os criminosos.

O padre Custódio diz ao Governador: "A nossa Lei manda perdoar a quem nos ofende e a fazer bem a quem nos fez mal. Estes infelizes já sofreram muito e será suficiente como castigo. Eu e os religiosos já perdoamos a todos de coração, o mal que nos causaram, só pedimos que lhes concedas vida e liberdade". Agradou ao juiz tanta generosidade, contudo, foram obrigados a passar pelas ruas da cidade com a cabeça e barba rapadas, uma afronta e vergonha enorme, foram expulsos da milícia e desterrados por muito tempo.

A Bíblia, por seu lado, não proíbe o vinho que é necessário para a festa da Páscoa, até louva o vinho, apesar da história do patriarca Noé (Gen. 20 e ss.). Deus, com o vinho, já prepara a eucaristia. No matrimónio de Caná da Galileia, o melhor vinho não foi servido no princípio e, até faltou, mas no fim, devido à Virgem Maria ter pedido a Seu Filho para atender aos jovens esposos (Jo.2 1-12).

Na Europa, o vinho novo é bebido no dia da festa de São Martinho, canta o Povo: "No dia de São Martinho, vai à pipa e prova o vinho, a água deita no moinho".

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