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Artigo de Opinião

Cônsul Honorária de Cabo Verde na Madeira

9/09/2024 03:50

Embora a Madeira e os restantes arquipélagos da Macaronésia estejam já integrados na era digital, o desenvolvimento pleno dos dados abertos e da interoperabilidade poderia levar o funcionamento a um nível bem mais eficaz. Ora vejamos...

Os dados abertos, ao serem disponibilizados de forma acessível, permitiriam que governos, empresas e cidadãos explorassem novas oportunidades, promovendo a transparência e impulsionando a inovação. A Madeira, com o seu crescente compromisso com a digitalização, poderia perfeitamente liderar a implementação de políticas de dados abertos que beneficiassem toda a Macaronésia. Ao partilhar informações sobre biodiversidade, saúde, agricultura, turismo, cultura... incentivando soluções colaborativas e uma participação ativa dos cidadãos na tomada de decisões.

Para que os dados abertos alcançassem o seu potencial máximo, seria crucial, garantir a interoperabilidade, ou seja, a capacidade de os sistemas e organizações para trabalhar em conjunto de forma eficiente. Esta facilita o intercâmbio de informações entre diferentes plataformas digitais, permitindo que soluções desenvolvidas na R.A.M. pudessem ser adaptadas e aplicadas nos demais arquipélagos. Assim, porque não dar continuidade ao trabalho já iniciado na era digital, criando uma rede digital coesa na Macaronésia, onde o conhecimento e os recursos fossem partilhados em tempo real, beneficiando a todos? A aplicação prática destes conceitos pode ser observada em várias áreas estratégicas. Quando se faz referência à Macaronésia, um dos principais conceitos que nos vêm à mente é à preservação da biodiversidade, área em que a região poderia desenvolver ferramentas agregadoras e articuladas de dados ambientais dos arquipélagos, permitindo uma monitorização colaborativa dos ecossistemas. Outro exemplo prático, poderia ser a saúde, onde poderia liderar a criação de um sistema de telemedicina interoperável, que conectasse profissionais de saúde em toda a Macaronésia, garantindo que residentes de áreas remotas tivessem acesso a cuidados especializados; na agricultura, uma base de dados aberta sobre práticas sustentáveis, combinaria com um sistema interoperável de monitorização do solo e clima, ajudando a melhorar a produtividade e a mitigar os impactos climáticos. Já no campo cultural, poder-se-ia promover a criação de um projeto onde fossem sugeridos conteúdos de qualidade sobre a Macaronésia, acoplando a informação existente, contudo dispersa, sugerida por entidades credíveis... ou seja, numa lógica de rede cultural em diversas plataformas digitais. Enfim, uma panóplia de ideias exequíveis e à luz da era digital em que nos encontramos. O programa Interreg MAC (Madeira, Açores e Canárias), instrumento de valor, poderia ser aqui igualmente utilizado.

O cruzamento dos conceitos de dados abertos e interoperabilidade ofereceria à Macaronésia, neste caso concreto, e acreditando no seu potencial, uma oportunidade única de destaque no cenário global. Com o seu vasto potencial (geográfico, turístico, económico, comercial, cultural...) a região macaronésica poderia transformar-se num exemplo de integração digital, onde a colaboração eficaz entre os arquipélagos não só potenciaria a inovação, como também reforçaria a presença da Macaronésia no mundo.

Em suma, este (re)aproveitamento atribuiria à Macaronésia uma visibilidade e uma relevância internacional renovadas, destacando-nos como um modelo de excelência na utilização estratégica da tecnologia. O repto fica lançado...

Susana Gramilho escreve à segunda-feira, de 4 em 4 semanas

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