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Artigo de Opinião

Engenheiro

5/12/2024 07:45

A interrogação que titula este artigo tem direitos de autor, é de um antigo colega meu da faculdade, o Ricardo e que por ser de Viana do Castelo era conhecido como o Viana. Alcunha ou epíteto que atualmente seria considerado um delito, uma discriminação de localidade, atentatória à origem do sujeito, capaz de o atormentar ou traumatizar para o resto da vida, enfim, os delírios dos novos tempos. O Ricardo, ou melhor o Viana, além de ser um exímio executante de guitarra portuguesa, era também uma pessoa muito bem-disposta, e sempre que chegava ao pé de alguém, em jeito de saudação, lançava o enigmático: “Então, brincamos ou colamos cartazes?”. Na verdade, nunca percebi bem o alcance da pergunta, mas nunca a esqueci e o último protesto em jeito de encenação do partido Chega na Assembleia da Républica fez-me remoer nesta interrogatória, que bem poderia ser: “Então, brincamos ou penduramos tarjas?”.

A política é um assunto sério, deve ser encarada como um serviço à comunidade, não um jogo de quem tem mais audiência, os cartazes mais ofensivos ou as tarjas maiores. Os vencimentos dos políticos são matéria de extrema importância e não deve haver reservas mentais na sua discussão. Partir do princípio de que o dia de um qualquer responsável político, seja numa autarquia, num executivo ou numa assembleia, deve começar com 50 chibatadas é pura demagogia. Este é o discurso de quem quer destruir a política, implodi-la e com isso retirar vantagem e claro, votos. Esta artimanha, do eles (os políticos) e nós (os justos) vem nos manuais de todos os populistas conhecidos e de quase todos os totalitários da história. O senhor André não faz nada de novo, é uma cópia, é mais um episódio de uma saga conhecida, ou melhor, de uma chaga conhecida. Transformar a política num circo mediático tem as suas vantagens, o toca e foge das redes sociais ajuda, não faz pensar, não aprofunda, não define e o povo observa e absorve. A jactância com que a figurinha maior do partido justificou a encenação púbica, desculpem pública, foi de bradar aos céus, que tamanha indignidade, um número de circo deprimente.

Infelizmente não é só a política nacional que padece da síndrome “Cardinali”, o sistema político regional também sofre deste mesmo mal, eventualmente não de forma tão venturosa e indecorosa, mas artistas circenses regionais não faltam e estão aí para mostrar os seus talentos. Temos palhaços, um fantástico grupo que anda sempre à chapada e a tropeçar, parece que não se entendem, não pensam pela sua cabeça, mas têm muita graça. Temos contorcionistas, que pintam as unhas de várias cores, que também têm graça e piscina. Não faltam também malabaristas, um grupo de leste que faz números fantásticos com bananas e uvas, são bons nas “cambriolas”, mas estão sempre a queixar-se. Qualquer circo que se preze tem sempre um número com animais, e claro que temos domador, ou melhor, domadora. Mulher de natureza graciosa, mas implacável, ninguém faz farinha com os seus animais, que são muito bem tratados, assim como as pessoas. Temos também um mágico, homem de porte liberal e de iniciativa, que pensa pela sua cartola, da qual além de tirar coelhos, tira também subvenções e faz desaparecer impostos. Por último não podiam faltar os trapezistas, um grupo de cá e muito fofo, mas um bocado aselha, embora para quem os veja de longe ou nas notícias pareça que sabem o que estão a fazer. É vê-los a passar de trapézio em trapézio, ora na Madeira, ora em Lisboa, de novo na Madeira, mais uma volta e mais uma pirueta. Com fatos justos e a cintilar é um deleite para a vista, mas para ser verdadeiro, é mais fogo de vista. O senhor Vitor Hugo Cardinali iria com certeza apreciar o espectáculo apresentado por estes esforçados artistas, já o meu amigo Viana, com a sua habitual simpatia iria perguntar: Então, brincamos ou apresentamos uma moção de censura?

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