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Artigo de Opinião

Farmacêutico Especialista

5/02/2021 08:06

As pessoas correm atrás do dinheiro e perdem o tempo para usufruírem dele, correm atrás do futuro e não vivem o presente, não construindo passado, correm atrás de pessoas e esquecem-se das que sempre estiveram lá. Daqui decorre uma vida em conflito interno contínuo por insatisfação e incapacidade de apreciar a beleza da vida que nos foi atribuída.

Corremos atrás de coisas, de pessoas, como se fosse a posse que acrescentasse substância à vida, na realidade, o altruísmo, a abnegação, uma vida desprovida de posse, mas recheada de amor, em que o distribuir amor e alegria, o provocar o sorriso e o aliviar a dor alheia, são as únicas que criam substância à vida.

A substância da vida é o amor, isso sim possuímos, e em quantidade superior ao que imaginamos e apesar de nosso, o seu propósito é ser distribuído, logo a vida será tanto mais rica, mais farta, quanto maior é o amor que espalharmos à nossa volta.

Não esquecer de distribuir amor mesmo pelos que não gostamos, não será essa uma verdadeira prova de amor!?

Devemos obviamente, no nosso processo vivencial, correr atrás de propósitos elevados, ter objectivos altos, parafraseando Michelangelo, o maior perigo para a maioria, não é definir objectivos muito altos e falhar, mas defini-los demasiado baixos e acertar. Devemos no processo desta grande corrida, sonhar e fazer os outros sonhar connosco, o sonho terá sempre de ser colectivo, comportar e encerrar em si o facto de sermos seres relacionais, e que a nossa existência é por isso mesmo dependente das relações sociais, sabendo que um sonho individual que não partilhado, não passa de uma inexistência para todo o universo colectivo e, portanto, encerra em si a busca do nada. Temos de abrandar, valorizar o valorizável, fazer a vida acontecer sem objectivos de posse, mas de partilha, de comunhão, deixar a vida fluir como a água, esquecer o ter, e enriquecer o ser, provocando sorrisos, criando felicidade, sendo alegria na vida de todos, por muito que a sua vida seja dura, pesada, difícil, e longe daquela sonhada.

Trilhando este caminho, teremos cumprido o maior desígnio que nos é confiado, disseminar o Amor, essa que é a substância da vida e não conhece fronteira temporal, pois só o Amor é eterno.

Cada vez que concretizamos um sonho, observamos em paz aquele momento de felicidade plena, aquela singularidade espácio-temporal e constituímos a primícia da concepção de um novo sonho, maior, mais elevado que o anterior, se quisermos a observação do mito de Sísifo ao arrastar eternamente a pedra, para ela regressar ao ponto de partida, mas desta feita pela positiva, a observação da repetição dos passos para a concretização do sonho é feita com entusiasmo e motivação pois é o sonho que nos guia, caso este seja elevado e for constituído na substância primordial que é o amor.

Connosco levaremos apenas o amor que dediquemos ao que nos rodeia, ao Mundo, à Natureza, à Humanidade, e este caminho para o nada, não o vazio ou ausência, mas sim o desconhecido, encerra a oportunidade de nos encontrarmos com a nossa essência, a busca do nada guia-nos para nós, enquanto ser colectivo e organismo superior, William B. Yeats o manifesta, "onde nada existe, Deus existe".

Sonhar, sonhar muito, sonhar alto, sonhar elevado, sonhar bem em comunhão, partilha e cumplicidade, ficarão sempre sonhos por concretizar, e isso é fantástico pois é sinal que conseguimos sonhar até ao fim.

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