António Costa perguntou logo se já podia ir ao banco (qual estadista!) porque, já se sabe, os "amigos estão todos aqui" e "no país dos brinquedos", está tudo disponível para "brincar, jogar, aprender a sonhar" com fundos europeus.
Chega de música. A piada veio sozinha. Ora, vejamos.

Elisa Ferreira, cheia de moral e ética, lamentou e disse que "é penoso ver que Portugal, com estes anos todos de apoio, ainda está entre os países atrasados". Drª Elisa - Comissária Europeia. Economista, foi ministra do Ambiente e do Planeamento, eurodeputada, deputada à Assembleia da República e até Vice-Governadora do Banco de Portugal… nem parece que teve responsabilidade a gerir fundos europeus. Impressão nossa.

Costa, por outro lado, disse que "não há tempo a perder (…) não vale a pena chover no molhado, só há mesmo que fazer o que ainda não foi feito" (e, por acaso, é exatamente disso que se faz muito deste PRR - projetos perdidos dos últimos anos). Até porque, arrematou, "temos um historial de que nos devemos orgulhar".

Agora vai! Venha de lá a bazuca.

Serão milhares de milhões de euros que chegarão a Portugal, o que deveria ter obrigado os governantes deste país a uma aprofundada reflexão sobre a sua aplicação e execução para que, de uma vez por todas, se mudasse estruturalmente a nossa economia e se pudesse "recuperar Portugal, construindo o futuro". Só que… só que não.

As prioridades estão no papel porque a Europa assim o obriga mas, na realidade, era preciso que o primeiro-ministro nos explicasse como é que vai investir para reestruturar, que estratégia efetiva tem para dinamizar o país, que parceiros é que envolveu, quanto é que vamos mesmo crescer. Gastar dinheiro qualquer um gasta, construir o futuro é que é outra conversa.

E porque na União não estamos sós, basta olhar para exemplos como os de Espanha ou da Grécia para entendermos como estamos a repetir o caminho - o Estado é quem vai gerir a grande fatia, a ambição é exatamente a mesma.

Abram alas para os fundos, que isto vai ser tão belo…