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Artigo de Opinião

Engenheiro

12/09/2024 08:00

Há uns tempos, enquanto deambulava pelas redes sociais encontrei esta pequena pérola, afinal parece que estas aplicações do demónio servem para algumas coisas mais sérias e não apenas para algumas influentes criaturas passearem o bronzeado corpito carregado de coisas inúteis. Pois bem, o achado dizia respeito a um trecho de uma entrevista a Margaret Tatcher, datada de 1982 e que passo a apresentar: “Quando o estado faz tudo por si, em breve tudo lhe vai retirar e depois perdem-se as bases para a liberdade individual, a liberdade política ou a liberdade económica. O estado não deve nunca substituir a responsabilidade individual do cidadão. Para sermos uma sociedade prospera, todos devemos fazer o nosso melhor, é nosso dever estender a mão ao outro e não esperar que esta seja responsabilidade do estado. Que sociedade temos quando achamos que é responsabilidade do estado de me arranjar emprego, quando pensamos que é responsabilidade do estado de me arranjar casa ou que é responsabilidade do estado de cuidar da minha família. A liberdade é inseparável de responsabilidade individual. Liberdade implica responsabilidade e é por isso que muitos homens a temem.”

Esta tradução, completamente livre, mas modéstia à parte, muito próxima da retórica e das convicções políticas desta grande mulher deve fazer-nos pensar, sobretudo numa época em que o estado, ou melhor, alguns estados tratam as suas populações como crianças indefesas e vai-se lá saber também porque, não muito inteligentes. Estas afirmações, com mais de quarenta anos, apresentam um certo grau de premonição, pois há data, o grau de infantilidade e de imbecilidade putativa do povo não era assim tão evidente. Os princípios básicos do livre-arbítrio, da liberdade, da responsabilidade, do trabalho, do esforço, da solidariedade, estão a diluir-se e a esbaterem-se, este foi e continua a ser o grande desígnio de uma certa esquerda. A actuação paternalista e oportunista dos governos mais sinistros (esquerda em italiano), agindo como autênticos “dealears” e aproveitando-se das fraquezas dos seus governados, geram dependências sociais e criam de forma deliberada uma sociedade amorfa, maleável e completamente subordinada aos ditames de uma mão invisível que em tudo manda e tudo destina.

Este controlo, esta obsessão de pensar pelos restantes, de facilitar, de subsidiar, de oferecer, de todos os dias parecerem o Natal, cria em determinados elementos da sociedade o sentimento de filho, de descendente, sendo que o pai é o governo, claro. Mas o filho em questão é uma criança mimada e superprotegida, que não está de todo preparada para a adversidade da vida, para os perigos, para o trabalho, para a liberdade e muito menos para as responsabilidades. E é aqui que surgem os problemas e as birras, e que grandes birras. Sobretudo quando querem uma coisa e não a conseguem, é o fim do mundo em bicicleta. Esta franja da sociedade é facilmente percecionada, sobretudo no submundo das redes socais, perdão, redes sociais, nomeadamente na secção dos comentários, onde estas crianças desprezíveis se transformam em autênticos “zombies” cibernéticos. Na grande maioria das vezes é indigna a leitura do que se escreve nestes fóruns, nestas catacumbas da língua portuguesa. Além da mentira, a falta de decoro é assinalável e a falta de respeito uma constante.

Nestes últimos incêndios, estas crianças reles e nos fóruns habituais, contribuiriam de forma ignóbil para uma narrativa errada e perniciosa relativamente aos acontecimentos. Esta actuação negativa contribuiu claramente para um certo alarme social e para a deturpação dos factos, reproduzindo situações irreais e mentirosas. Um grande incêndio, um evento dramático, cujas consequências ainda estão a ser dirimidas e consertadas, não ceifou nenhuma vida humana, nenhuma casa foi destruída, afinal falamos de quê, e porquê? Para além das criaturas mais infantilizadas, apareceram também alguns políticos de má memória e de fraca memória a dar o ar da sua graça. Enfim, desta qualidade de gente não se pode esperar mais, muita liberdade e muito pouca responsabilidade. Parece-me que isto só vai lá com umas palmadas bem dadas...

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