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Namíbia: Eleições históricas marcadas por clima de desilusão

Se as coisas correrem bem para o partido governamental há 34 anos no poder, o país elegerá a sua primeira mulher chefe de estado esta semana. Porém o clima de desilusão com os movimentos de libertação no sul de África a adicionar ao sentimento de anti incumbência em diversas partes do mundo, poderá representar uma ameaça ao que poderia ser uma conquista histórica.

A Swapo, dominante durante mais de três décadas observou uma queda no apoio nas últimas eleições gerais um país com uma população de 3, 3 milhões de pessoas e a manter uma taxa de desemprego de 19% - aproximadamente a mesma de há 30 anos - finanças governamentais problemáticas, corrupção inaceitável e níveis muito acentuados de desigualdade.

É sabido que a Swapo tenta evitar que aconteça o que sucedeu na África do Sul com o ANC, no poder desde 1994, que se viu forçado a formar um governo de unidade nacional, após as eleições gerais na África do Sul, enquanto o Botsuana, o Partido Democrático do Botswana, que dominou o poder aproximadamente seis décadas caiu com uma derrota humilhante no final do mês passado.

O ato eleitoral decorreu com alguns solavancos com namibianos ainda a votarem, ontem, 24 horas após o encerramento das urnas para as legislativas e presenciais.

Problemas de logística fizeram-se notar com facilidade merecendo fortes críticas dos partidos e especialmente dos eleitores em longas filas tiveram que esperar de 6 a 12 horas para poderem exercer o seu direito de voto.

O Conselheiro do CCP Manuel Coelho membro do Conselho Permanente das Comunidades Portuguesas, África, residente em Windhoek, Namíbia em contacto com o JM desde Joanesburgo, disse que as eleições na Namíbia foram caóticas.

Apesar de na passada quarta-feira ter sido declarado feriado nacional de forma que todos pudessem exercer o seu direito de voto, os mesmos viram-se privados de o fazer.

As assembleias de voto que deviam abrir às 07h00 , algumas abriram às 09h00 e outras em locais diferentes não abriram.

As urnas móveis somente estiveram abertas duas horas e dirigiram-se para outros sítios deixando centenas de eleitores nas filas.

Muitos eleitores esperaram entre 6h00 e 12h00 nas filas para exercer o seu direito de voto, mas não conseguiram depositar os seus boletins de voto.

Foi dada uma diretiva para que mantivessem abertas as assembleias de voto por mais duas horas, mesmo assim, revelou-se insuficiente e que levou eleitores a abandonarem em grandes números as assembleias de voto e regressarem a casa sem terem exercido o seu direito de voto.

Em alguns locais o número de boletins foi escasso, não chegando para o número de eleitores que esperaram pacientemente sob um sol abrasador e com temperaturas elevadas.

Manuel Coelho diz que se instalou um descontentamento muito grande que desabrochou em situação caótica. Foi observado que partidos da oposição irromperam abruptamente nos escritórios da Comissão Nacional de Eleições (CNE) onde com grande surpresa encontraram reunidos secretamente membros da CNE com elementos do partido governamental e membros da polícia.

O grupo revoltado, procedeu à expulsão física de todos quantos se encontravam no local, incluindo, todos os jornalistas e ordenaram a paragem do escrutínio dos boletins de voto imediatamente.

Esta manhã, disse Manuel Coelho, o governo namibiano ordenou a extensão de todo o processo eleitoral, hoje e amanhã, mas somente com uma única assembleia de voto a operar em Windhoek, mas nenhuma no litoral sul do país.

Porém, as 24 assembleias móveis no norte do país, onde a maioria dos eleitores apoiam o partido governamental se encontram, anulando qualquer hipótese de votação pelos membros dos partidos da oposição.

Manuel Coelho diz que é esperada uma intensificação de demonstrações de protesto que se estenderão pelo fim de semana, felizmente, até agora sem se registar ações de violência apesar da situação ser já bastante complicada.

Panduleni Filémon Bango Itula, presidente do partido da oposição Independent Patriots for Change, fez uma exortação à calma e à paz e prometeu dirigir-se aos seus compatriotas a partir das 17h00.

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