O prédio das antigas instalações da Polícia Internacional e de Defesa do Estado (PIDE), na Rua da Carreira, n.º 155, dever ser classificado. Quem o defende é Rui Carita que foi, esta tarde, convidado pela Comissão para as Comemorações dos 50 anos do 25 de Abril na Madeira para ‘guiar’ uma visita ao local.
“Espero que seja qualificado porque é um magnifico edifício”, começou por apontar aos jornalistas, sendo perentório em afirmar que o mesmo não pode ser um “cemitério de memórias”.
Nesse âmbito, deu ainda conta daquilo que não gostava que o imóvel se transformasse no futuro. “Sou contra museus, centros de interpretação, etc...qualquer dia andamos com uma tabuleta ao peito a dizer património classificado (...) as coisas têm de ter uma função. Há que repensar isso tudo”, realçou.
Edifício pode ser vendido a qualquer momento
Recorde-se que o prédio já está para alienação, podendo ser vendido a qualquer momento a um público ou privado, conforme explicou o historiador.
“Faz parte (o imóvel) do legado da Dona Eugénia Bettencourt à Diocese do Funchal, depois entrei na informação para a aquisição pelo Exercício, que adquiriu o imóvel à Diocese, a qual, com a renda de 100 escudos, que tínhamos, não dava para pagar a Sisa. Logo, a própria Diocese conseguiu que o Exército puxasse para 50 mil contos e legalizou-se e foi comprado pelo Exército”, lembrou ainda.
Visita com dezenas de pessoas
Já sobre a visita, que contou com a presença de dezenas de pessoas, Rui Carita considerou tratar-se de um momento de evocação ao que aconteceu outrora naquelas instalações. Todos os presentes tiveram a oportunidade de ‘viajar’ no tempo, lembrando as perseguições, os presos e todas as dificuldades da época do fascismo e da ditadura militar.
“Ninguém mandou destruir arquivos”
Questionado pelos jornalistas sobre os arquivos da PIDE, Rui Carita garante que “ninguém mandou” destruí-los. “Foi feita a inventariação, porque nos últimos meses não havia arquivos, os papéis estavam dispersos, nem arquivados estavam..”, recordou, garantindo que foi ele próprio que os arquivou e empacotou. “Está tudo (o que diz respeito a processos pessoais) na Torre do Tombo”, em Lisboa.
“Há pessoas que ficaram danadas por não encontrarem os seus processos”, reconheceu, afiançando que “quando se chega a um arquivo e se diz ‘quero ver isto e aquilo’, dizem-nos sempre que não há...então, mas as pessoas já têm um emprego e agora têm de ter um trabalho? Era o que faltava”, ironizou.