Às regiões autónomas portuguesas dos Açores e da Madeira, juntam-se a comunidade autónoma espanhola das ilhas Canárias e a coletividade ultramarina francesa - Guadalupe, Guiana Francesa, Martinica, Maiote e Reunião.
Na passada semana, no âmbito do projeto INCORE - que visa potenciar a inovação e a capacidade empreendedora nas Instituições de Ensino Superior das Regiões Ultraperiféricas da Europa, tive a oportunidade de ir à Ilha da Reunião, trabalhar com os parceiros do projeto.
A longa viagem até ao destino fez-me ver o quão ultraperiférica é a Ilha da Reunião. Enquanto nós, parceiros da Madeira, Açores e Canárias, estamos a uma curta distância do território continental do país a que pertencemos e também da restante Europa, a ilha da Reunião está a 12h de voo da capital do seu país e muitas mais de qualquer outro país europeu. O sentimento de ultraperiferia que normalmente sinto diluiu-se depois de tão longa viagem.
A ilha da Reunião é bastante maior que a Ilha da Madeira, quer em área quer em número de habitantes. Tem cerca de um milhão de habitantes.
Tem uma universidade pública - a Université de la Reunion, com 12 000 alunos. A Universidade da Madeira tem 3500 alunos.
Também o orçamento desta Universidade é bastante maior do que o da Universidade da Madeira. Tem um orçamento de estado de cerca de 111M de euros e orçamento total de 158M de euros. A Universidade da Madeira tem 13,6M€ de orçamento de estado e 21M€ de orçamento total. Ou seja, A UMa recebe do estado português 3885 € por aluno enquanto a Université de la Reunion recebe do estado francês 9250 € (2,3 vezes mais do que um aluno da UMa). Se a Universidade da Madeira tivesse 12000 alunos receberia 43,5M.
O governo francês percebeu que as Universidades ultraperiféricas têm de ser majoradas precisamente devido à sua insularidade e ultraperiferia. Percebeu também que as universidades das regiões ultraperiféricas são os motores de desenvolvimento das regiões onde se inserem e que investir nestas instituições é investir na coesão territorial e na equidade.
‘As periferias podem ser laboratórios de uma economia e sociedades diferentes’ (Papa Francisco). Se houver visão e ação! Caso contrário, e de acordo com o provérbio chinês, "ficamos pelo sonho!"