MADEIRA Meteorologia

Artigo de Opinião

24/08/2024 08:00

Estejam descansados! Não vou maçar os meus dois fiéis leitores com teorias sobre os incêndios. Já há tantos especialistas instantâneos que eu seria apenas mais um. Sigamos em frente, para o que falta fazer a Norte, em sábado de festas de São Vicente. Proponho-me dar uma ajuda ao meu amigo Aires, presidente da Assembleia Municipal, que tão bem alerta nos seus discursos para as necessidades deste concelho. Ouvia, há dias os edis da Ribeira Brava e Calheta a reivindicar investimentos para os respetivos concelhos. Nestes, incluíam-se a extensão da ciclovia até à Ponta do Sol, e mesmo uma via rápida que ligasse a vila do Visconde de Herédia até à Calheta, no que constituiria uma duplicação da ligação existente. Nada mais justo. Se por um lado, o crescimento dos concelhos do Oeste colocou uma pressão humana que obriga a encontrar solução, por outro considero que o papel dos autarcas rurais, onde o orçamento é curto para a área geográfica, é essencialmente reivindicativo. E, concedamos, os dois autarcas são dos mais eficazes a reivindicar. Acontece que a Norte também há vida, também há Madeira. Uma Madeira que, não obstante o excelente regime fiscal que dispõe, ainda não anda à velocidade do Sul. Aproveitemos a boleia da “velocidade” e centremo-nos na Via Expresso. Para fechar toda a ligação, falta apenas completar o troço Boaventura- Arco. Não é apenas tornar o Norte mais perto entre si. O que já seria razão suficiente, veja-se o atual boom de investimento privado no Arco após chegada da VE. É também mais seguro, pois os 25 minutos pela velhinha Regional trazem, cada vez mais, desafios de segurança. Há também a questão populacional. São concelhos envelhecidos, nomeadamente o de São Vicente. Local de refúgio e de pacatez para que muitos dos que saíram, e todos os que ficaram, passem as últimas décadas da sua existência em sossego, convívio e segurança. Em que os vetustos habitantes têm no seu automóvel um elemento fundamental de autonomia. Mas, claro, não se aventuram pelas contracurvas da Silveira, já muito exigentes para tão rodados reflexos, exponenciado pelo aumento do tráfego dos rent-a-car. Não têm alternativa senão sair para o lado oposto. Ainda esta semana, um violento acidente fez um ferido e cortou a estrada por algumas horas. Falando em falta de alternativas, é pertinente relembrar situações em que o Túnel da Encumeada fecha por motivos de segurança, como neste fim de semana. Motivou que centenas de visitantes não se deslocassem para São Vicente, que tanto necessita dos “moradores de fim de semana”, porque a alternativa era dar a volta por Santana. E bastava que aquele troço estivesse completado para que compensasse vir “pelo outro lado”. E atentem que nem estou a reclamar pelo ancestralmente ansiado túnel Boaventura-Curral, que teve anteprojeto nos idos anos 50, e que é motivo para uma tertúlia trimestral com os nossos, e tão torturados, amigos do Curral das Freiras. Que um dia se fará.

Sei que é mais fácil dizer do que fazer, mas, sendo intervenções onerosas são, ainda assim, muito mais baratas que o investimento colossal que implica uma via rápida entre Ribeira Brava e a Calheta.

Deixem-me aproveitar para colocar a minha Ponta Delgada no mapa, e referir que o pontão que protege a piscina carece de uma intervenção, ser deslocalizado mais para fora, ter maior extensão, com um angulo mais aberto, o que iria sanar o problema de águas paradas, e abriria espaço para se formar uma apelativa praia de areia, estendendo o pouco que já temos, sem pôr em causa a rampa náutica. Poder-se-ia apostar também nos nómadas digitais, aproveitando as instalações do parque urbano da Vila, claramente excessivas para o cartório, que poderia ir para outro local (como o antigo Notário acima das Finanças, com ganhos de sinergia) criando um hub naquele espaço, que poderia ser complementado com um pólo nas antigas instalações juvenis da Casa do Romeiro da Ponta Delgada, mesmo em frente ao mar, bem ao agrado destes empreendedores.

Algumas destas propostas teriam poucos custos, outra mais, mas fazendo fé no boletim semestral das Finanças, caminhamos para o melhor ano de sempre em termos de receita fiscal, o que atesta o bom trabalho que tem sido feito nesse capítulo. Se a velocidade se mantiver, podemos ter um excedente de 250 milhões de euros, o que permitirá resolver algumas das questões levantadas. E não, meus caros dois leitores. Não tenho quaisquer pretensões autárquicas para o próximo ano. Apenas, concordando com o que outros fazem, acho que (também) é reivindicando que defendemos a nossa terra.

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