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Artigo de Opinião

7/02/2021 07:00

São 4 mil milhões de euros para esta que é a segunda causa de morte na União Europeia (UE) e que representa uma enorme carga para os sistemas de saúde, para os doentes, para as famílias e para a sociedade em geral. Se nenhuma medida adicional for tomada, estima-se que em 2035 a incidência desta doença aumentará em 25%, tornando-se assim na principal causa de morte na UE.

Este plano assenta em quatro pilares: 1) prevenção; 2) deteção precoce; 3) diagnóstico e tratamento; e 4) melhoria da qualidade de vida; assim como em dez iniciativas e ações de suporte que visam atingir os principais objetivos.

A prevenção é onde teremos os maiores ganhos em saúde. Para isso é necessário atuar nas causas conhecidas do cancro, ou seja, aqueles fatores que a ciência já demonstrou que contribuem para o desenvolvimento da doença. Neste sentido, a UE apertará o cerco ao tabaco e produtos similares, ao abuso do consumo de álcool, à nutrição, promovendo dietas saudáveis e sustentáveis, e também um especial foco nos agentes ambientais nocivos para a saúde. Nota da intenção da Comissão em eliminar o cancro do colo do útero, uma doença provocada por um vírus prevenível por vacinação, como uma das suas primeiras metas. Fica a faltar a descoberta de metade das causas do cancro, e financiamento e empenho para a investigação. É urgente conhecer a outra metade do bolo. Que mais estará a causar-nos cancro, além da genética e dos fatores já conhecidos?

A deteção precoce passará por melhorar a acessibilidade a cuidados de saúde de qualidade, com especial foco para os cancros da mama, do colo do útero e do cólon e reto, garantindo que até 2025 90% da população alvo seja rastreada para estas patologias.

No diagnóstico e tratamento, em 2030 90% da população europeia deverá ter acesso aos Centros Nacionais Oncológicos, garantindo o diagnóstico atempado e tratamento multidisciplinar adequado e em rede. Boas notícias para nós, da ilha... a garantia de que não seremos deixados para trás.

Os cancros pediátricos não foram esquecidos. Será lançada a iniciativa de ajuda às crianças com cancro, que irá assegurar que estas tenham acesso rápido e atempado à deteção, diagnóstico e tratamento.

Finalmente, mas não menos importante: qualidade de vida. Porque há vida para além do cancro, a melhoria da qualidade de vida dos doentes, dos sobreviventes e das suas famílias e cuidadores é uma das principais prioridades, com medidas específicas que apoiarão a integração social, a reintegração no emprego e o acompanhamento em todas as etapas.

Este Plano Europeu será revisto em 2024. Até lá, irá ser alvo de consulta no Parlamento Europeu e posteriormente iremos legislar (juntamente com o Conselho) sobre todas as ações propostas pela Comissão Europeia. Falta muito, é certo. Mas este é um momento deveras especial para todos nós, que sempre ambicionamos e trabalhamos para mais saúde na UE, por uma verdadeira União Europeia para a Saúde. Sendo de uma região ultraperiférica, como a Madeira, estes planos assumem uma importância acrescida, pois irão dar resposta a problemas que ocorrem devido àqueles que são os constrangimentos estruturais de sermos RUP e estarmos afastados da placa continental. Especificamente neste plano, teremos atenção redobrada à diminuição das desigualdades entre regiões da União Europeia, com a criação de um registo desigualdades no cancro, já a partir deste ano.

Um Plano Europeu de Combate ao Cancro, ambicioso e baseado na Saúde em Todas as Políticas. Um conceito que defendo desde o início do meu mandato, e que deverá ser a regra e não a exceção ao guiar todas as políticas em saúde. Porque a saúde vai muito mais além do que é a doença.

Viva a UE!

Sara Cerdas escreve
ao domingo, de 4 em 4 semanas

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