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Artigo de Opinião

Psicóloga

5/04/2022 08:00

A tecnologia pertence à nossa rotina, inclusive à das crianças e é evidente o quão apelativa é para estas faixas etárias, pois tendem a ficar fixas no ecrã e a interagir menos com os adultos. Este comportamento tem efeitos positivos imediatos, uma vez que a criança fica sossegada e distraída naquele período de tempo. No entanto, com a introdução e o uso cada vez mais precoces da tecnologia é importante percebermos se existem consequências desta exposição a médio e longo prazo.

O que é importante para o crescimento saudável de uma criança na primeira infância? Um bom desenvolvimento psicomotor e cognitivo requer que as crianças estimulem o seu sistema sensorial, que lhes permite conhecer o mundo, através do contacto com o exterior, do toque, dos cheiros, dos contrastes, da aventura e das interações sociais, algo que é perdido quando estão perante um ecrã.

Os primeiros três anos de vida são cruciais para o desenvolvimento. Uma criança que nesta fase é exposta aos ecrãs e onde há pouco controlo sob essa utilização poderá apresentar problemas de saúde psicológicos (ex. ansiedade) ou físicos (ex. obesidade), menor interação social, dificuldades na comunicação e na expressão de emoções (devido à fala de interação) e a hiperestimulação tenderá a originar problemas de atenção e concentração, afetando assim o crescimento da criança. O tempo que é passado em frente ao ecrã é tempo que não é investido em aspetos desenvolvimentais como o explorar e o brincar e que no futuro trará dificuldades relacionais, emocionais e comportamentais.

O comportamento que os pais assumem em frente à criança e que é aprendido pela mesma é um fator importante na relação que desenvolverá com os ecrãs. Quando há a regra em casa de não haver ecrãs à mesa, é essencial que todos os membros da família a respeitem, para que a criança possa aprender a respeitá-la. Os pais que proíbem os ecrãs e os utilizam em frente aos filhos com frequência transmitem uma mensagem confusa às crianças.

Em 2021, perante as reestruturações das rotinas familiares face à pandemia, a Organização Mundial de Saúde, a Academia Americana de Pediatria e a Sociedade Brasileira de Pediatria criaram orientações direcionadas aos cuidadores, relativamente à utilização das tecnologias:

Até os 18 meses: evitar a exposição aos ecrãs, à exceção de videochamadas.

Entre os 18 meses e os 2 anos: pouca ou nenhuma exposição aos ecrãs. Caso esteja exposta, optar por conteúdos educativos e limitar a uma hora diária.

Entre os 3 e os 5 anos: limitar a uma hora por dia. Optar por alternativas como livros e/ou brinquedos com, por exemplo, personagens que eles conhecem da televisão.

Entre os 6 e os 10 anos: entre uma hora e uma hora e meia por dia. Acompanhar o conteúdo que é assistido e permitir a utilização após as tarefas estarem completas (ex. trabalhos de casa).

Entre os 11 e os 13 anos: até 2 horas por dia. Encontrar um equilíbrio entre as atividades online e as restantes.

A definição de regras por parte dos pais é um fator promotor de um desenvolvimento saudável da criança. A introdução dos ecrãs de forma gradual e ajustada à idade, pode ser uma mais valia e não acarretar severas consequências no futuro.

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