A crescente cooperação militar entre Rússia e Irão foi hoje denunciada junto das Nações Unidas por Estados Unidos, Reino Unido, França e outros países, que pediram à ONU para investigar o uso de equipamento militar iraniano contra a Ucrânia.
Invocando provas apresentadas por Washington no início deste mês, segundo as quais o Irão forneceu à Rússia centenas de aviões não tripulados (‘drones’), o protesto junto da ONU foi apresentado hoje através de uma declaração conjunta de Albânia, França, Ucrânia, Reino Unido e Estados Unidos.
De acordo com esta declaração conjunta - que foi lida pela embaixadora dos EUA nas Nações Unidas, Linda Thomas-Greenfield - existem provas de que os ‘drones’ iranianos estão a ser usados pela Rússia para atacar Kiev e outras cidades ucranianas, o que viola a Resolução 2231 do Conselho de Segurança da ONU.
Esta resolução proíbe todos os países - incluindo membros permanentes do Conselho de Segurança da ONU - de transferir este tipo de armas do Irão sem a aprovação prévia do Conselho de Segurança.
A Ucrânia e o Reino Unido dizem ter apresentado provas à ONU de ‘drones’ iranianos recuperados pelas forças ucranianas nos campos de batalha.
No comunicado conjunto, os cinco países dizem que "as violações foram devidamente relatadas à ONU", bem como informações adicionais, numa ação que visa pedir à comunidade internacional que investigue essas violações.
"Temos a obrigação de informar os Estados membros que violam as resoluções do Conselho de Segurança. (…) E devemos continuar a responsabilizar a Rússia pelos seus crimes contra o povo ucraniano. E devemos continuar a pedir à Rússia que silencie as suas armas e abrace a diplomacia", disse Thomas-Greenfield, durante um ‘briefing’ do Conselho de Segurança da ONU.
A embaixadora norte-americana junto das Nações Unidas assegurou que o seu país continuará a apoiar a Ucrânia perante "os ataques selvagens da Rússia", alegando que "ceder à agressão de Moscovo colocará em risco todos os países, grandes e pequenos, novos e antigos".
A ofensiva militar lançada a 24 de fevereiro de 2022 pela Rússia na Ucrânia causou até agora a fuga de mais de 14,7 milhões de pessoas - 6,5 milhões de deslocados internos e mais de 8,2 milhões para países europeus -, de acordo com os mais recentes dados da ONU, que classifica esta crise de refugiados como a pior na Europa desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).
A invasão russa - justificada pelo Presidente russo, Vladimir Putin, com a necessidade de "desnazificar" e desmilitarizar a Ucrânia para segurança da Rússia - foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que tem respondido com envio de armamento para a Ucrânia e imposição à Rússia de sanções políticas e económicas.
Lusa