A Fundação Arpad Szenes - Vieira da Silva lamentou hoje a morte do poeta e tradutor Pedro Tamen, na quinta-feira aos 86 anos, prestando homenagem a uma "figura de relevo da cultura portuguesa".
"A nossa homenagem a Pedro Tamen, figura de relevo da Cultura Portuguesa, integrou o Conselho de Administração (1994-2008) e do Conselho de Patronos (1994-2014) da Fundação Arpad Szenes - Vieira da Silva durante vários anos, com enorme entusiasmo", pode ler-se na nota enviada à Lusa.
Pedro Tamen estreou-se em 1956 com "Poema para todos os dias", em edição de autor, pouco antes de assumir a direção da editora Moraes, até 1975 e onde dinamizou a coleção "Círculo de Poesia".
Pedro Mário de Alles Tamen, nascido em Lisboa em 1934, licenciou-se em Direito na Universidade de Lisboa, mas não exerceu; integrou o jornal Encontro, da Juventude Universitária Católica, foi cineclubista, professor do ensino secundário, diretor-adjunto da revista Flama e editor em O Tempo e o Modo.
Nos anos 1970 integrou ainda a primeira direção da Associação Portuguesa de Escritores.
Foi administrador da Fundação Calouste Gulbenkian durante mais de duas décadas, entre 1975 e 2000, com o pelouro das Belas-Artes. No final desse ano, depois de se reformar da fundação, iniciou a tradução do romance em sete volumes "Em busca do tempo perdido", de Marcel Proust.
Em 2003, em entrevista no programa televisivo "Por outro lado", Pedro Tamen afirmava que a tradução literária era um vício, adquirido muito cedo, e que no caso da obra de Proust atingiu um grau de "possessão", de uma obra que é "um dos grandes livros que a Humanidade produziu até agora".
Além de Proust, Pedro Tamen traduziu obras de Flaubert, Camilo Jose Cela, Georges Pérec, Jean Paul Sartre, Gabriel Garcia Marquez, Mario Vargas Llosa e Michel Foucault.
Pedro Tamen teve um percurso literário premiado, nomeadamente com o Grande Prémio de Tradução Literária, em 1990, o Prémio da Crítica da Associação Portuguesa de Críticos Literários, em 1991, o Prémio P.E.N. de Poesia, em 2001, o Prémio Luís Nava, em 2006.
Em 2010 venceu o Grande Prémio de Poesia da Associação Portuguesa de Escritores, com "O livro do sapateiro", e no ano seguinte o Prémio Literário Casino da Póvoa.
Em 1993, foi condecorado com a Grã-Cruz da Ordem do Infante D. Henrique.
Lusa