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Artigo de Opinião

23/10/2021 08:01

Hoje vamos falar de uma mulher. Não apenas por ser mulher. Mas por ser africana. Moçambicana, escritora e uma lutadora pela causa da mulher.

Paulina Chiziane, 66 anos, vencedora do Prémio Camões 2021, que elege a luta pela emancipação da mulher moçambicana como um dos fios condutores da sua obra, nasceu em Manjacaze, província de Gaza, no sul Moçambique, em 1955.

Cresceu nos subúrbios de Maputo e durante a juventude fez parte da Frente de Libertação Nacional (Frelimo), mas a política não a convenceu, sobretudo no que toca à emancipação da mulher, e não tardou até se dedicar por inteiro à escrita. Falante das línguas chope e ronga, aprendeu português na escola de uma missão católica e começou a estudar linguística na Universidade Eduardo Mondlane, em Maputo, sem concluir o curso.

«"O meu pai não tinha caderno para me oferecer, aprendi a escrever debaixo de uma árvore". "Sou uma mulher que veio do chão". "Quando eu comecei a escrever, ninguém acreditava naquilo que eu fazia. Porque eram escritos de mulher e em muitas ocasiões do quotidiano, tudo não passa de uma questão de género". "Venho de longe, conquistei o mundo de pés descalços. Quero encorajar o meu povo, as mulheres da minha terra: por muito difícil que as condições sejam, caminhem descalços e vençam"».

Esta é Paulina Chiziane. Este é o novo nome do Prémio Camões, instituído pelos governos de Portugal e do Brasil em 1988, e atribuído àqueles autores que contribuíram para o enriquecimento do património literário e cultural da língua portuguesa. É considerado o mais importante da literatura a premiar um autor de língua portuguesa pelo conjunto da sua obra.

Salientar, aqui, nomes de premiados acaba sempre por ser injusto para os que ficam de fora e, por essa razão vamos salientar, apenas, os nomes de escritoras/mulheres que, pelo valor da sua obra, da sua luta, da sua força deram os seus nomes ao Prémio.

Rachel de Queiroz, Sophia de Mello Brayner Adresen, Maria Velho da Costa, Agustina Bessa Luis, Lygia da Fonseca, Hélia Correia e, desde o passado dia 20 de Outubro, Paulina Chiziane, a moçambicana que aprendeu a escrever debaixo de uma árvore.

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