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Artigo de Opinião

Bispo Emérito do Funchal

22/08/2021 07:17

Fez ontem 65 anos, quando estava no Porto Santo como diretor espiritual de um grupo dos Cursos de Cristandade, que recebi um telefonema do meu Bispo Dom João Saraiva, então Bispo do Funchal, que fora meu Reitor no Pontifício Colégio Português em Roma, para me comunicar, com urgência, que fora nomeado Vice-Reitor do Pontifício Colégio Português em Roma. A notícia era secreta e urgente porquanto o bispo se dirigia para o Continente e, eu, me devia preparar para receber de Roma a comunicação da nova nomeação.

O Concílio Vaticano II tinha encerrado as sessões e o Papa Paulo VI, hoje, santo, conduzia a barca da Igreja, por novos caminhos nunca antes navegados, e turbulentos.

Ao receber a notícia fiquei muito perturbado, pois com o Padre Dr. Maurílio Gouveia e o Padre Dr. Abel Augusto Silva, tínhamos uma grande missão pós-conciliar na Diocese com os diversos movimentos lacais, além da responsabilidade dos leigos na Igreja, com o Seminário já instalado na Quinta da Bela Vista, e outra parte na Casa Verde, em Santa Luzia. Quanto à minha família a situação também não era agradável, visto ter esperado cinco longos anos a estudar em Roma e na Terra Santa.

Procurei nesse dia de verão quente entrar na igreja paroquial do Porto Santo, e meditar numa situação que não esperava e não tinha ninguém com quem me abrir. Como já tinha celebrado a missa, comecei a refletir sobre o santo do dia, São João Eudes, do qual já conhecia parte da sua vida dedicada à formação sacerdotal, pois ele tinha ligação com uma religiosa santa, a Madre Beata Maria do Divino Coração Droste zu Vischering revelado aos Condes da Pesqueira, família rica que estava disposta a oferecer o necessário para que Portugal tivesse também em Roma um Colégio Português, visto ser essa a vontade do divino Coração de Jesus.

O Visconde, sentiu necessidade de percorrer todas as dioceses portuguesas, falar com todos os bispos e arcebispos, tendo sido bem-recebido e felicitado por todos, até, pelo facto de alguns padres portugueses, formados em Roma, terem sido recebidos no Colégio Caprânica. Em Roma, no Colégio Português, encontram-se pinturas, relativas a estes acontecimentos.

Já um pouco mais aliviado vim para o Funchal e o Padre Dr. Abel Silva, meu caro colega de estudo em Roma, fez-me uma pergunta: "Sabes quem vai para Roma como Vice-Reitor? E, sem esperar," responde-me és tu.". Como sabes essa notícia, pergunto eu: Foi o Padre Agostinho Jardim Gonçalves que, em Lisboa, ao falar com o Núncio, quando este saiu do quarto para atender um telefonema, olhou para cima de uma mesa, onde estava escrito o teu nome". Começamos a rir dizendo: "Não é verdade que lhe chamamos a mala de correio?"

Na diocese, quando a notícia foi divulgada, os membros dirigentes dos Cursos de Cristandade e, também, da Ação Católica, reagiram mal, diziam: "Esperamos tantos anos para termos gente preparada para não sermos tão brutinhos, agora vai este, depois vai o Maurílio, é a nossa sina." Para a despedida da Madeira, uma senhora dos Cursos de Cristandade percorreu toda a cidade a procurar um "passarito amarelo" que ainda conservo, para na minha despedida cantarem : "De colores são os passaritos que vão para fora". De colores...

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