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Associações luso-americanas têm de "falar a língua" dos jovens para terem futuro

JM-Madeira

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Data de publicação
17 Fevereiro 2023
15:20

As associações luso-americanas têm de "falar a língua" dos jovens de segunda e terceira gerações para os envolverem e assegurarem a continuidade da cultura, disse a médica e líder associativa Carla Monteiro num evento sobre a diáspora.

"Para envolver os jovens, temos que falar a língua deles", afirmou a luso-americana. "Têm uma vida diferente e são muito ligados às redes sociais", indicou, sugerindo iniciativas ligadas a influenciadores que sejam interessantes para os mais jovens e lhes mostrem que estarem conectados à sua herança "é uma coisa divertida".

Natural de Vila Nova de Cerveira, Carla Monteiro emigrou com a família para o Connecticut em criança e tem um domínio completo da língua portuguesa, algo que já não é tão comum nas novas gerações.

"Para estas associações se conectarem com os jovens, temos que ter os pais a ensinar aos filhos a cultura e continuar com as tradições", referiu. "Se não continuam vai ficar tudo perdido. Temos que contar as nossas histórias, as histórias dos emigrantes".

Carla Monteiro, de 43 anos, falava numa sessão dedicada à diáspora organizada pelo Conselho de Liderança Luso-americano (PALCUS) em parceria com o Instituto Português Além-Fronteiras, numa série denominada "As Nossas Vozes".

"Estas associações deviam focar-se em educação para os jovens saberem de onde vieram as raízes e terem mais ligação ao país", reiterou, frisando a importância e utilidade de estágios em Portugal onde os luso-americanos podem descobrir as aldeias de onde vieram os avós.

Não só "para terem uma ligação à cultura portuguesa" mas também para verem a sua evolução para lá do que os pais e avós conheceram antes de emigrar.

"Portugal não é um país atrasado", sublinhou Carla Monteiro, que fez uma das suas especializações em Lisboa. "Quando estive em Portugal pensei que nós somos mais atrasados nos Estados Unidos", continuou. "Mesmo em tecnologia. Posso medir as diferenças e vejo que em Portugal às vezes as coisas estão mais avançadas do que estão aqui".

A responsável é presidente da Portuguese American Civic League de Bridgeport, uma organização que oferece bolsas de estudos a jovens.

"Vejo que é importante pessoas da minha geração, que somos filhos dos emigrantes, estarem envolvidos nestas organizações para influenciar os jovens que podem ficar mais perdidos nestas coisas", referiu.

Na mais recente cerimónia de entrega de bolsas, compareceram várias gerações de luso-americanos e Carla Monteiro comprovou a importância do evento para os mais jovens, que têm uma ligação às raízes portuguesas mais ténue.

"Nós tínhamos sempre a ligação a Portugal", disse. "Os meus pais quando vieram para aqui não queriam que nós perdêssemos a cultura e sempre nos levaram a Portugal. Passávamos tempo com os nossos primos e sempre pensámos que éramos portugueses, não só americanos", adiantou. "Sempre pensei que sou mais portuguesa que americana".

No entanto, esses laços começam a dissolver-se quanto maior a integração. "Os netos estão mais assimilados com a cultura americana e andam a fazer outras coisas que não têm ligação a nada português", disse, o que torna as festas importantes porque mostram a comida e música portuguesas.

A médica considera que parte do seu trabalho na Portuguese American Civic League passa por fomentar essa continuidade, além da importância central que dá à educação.

"Eu tive mentores durante a vida que me ajudaram a seguir o meu trajeto e é importante que estes jovens também tenham exemplos e pessoas que lhes deem inspiração para seguirem os cursos preferidos", afirmou.

Numa altura em que a nova emigração que vai de Portugal para os Estados Unidos é muito baixa, a continuidade do movimento associativo luso-americano é uma das grandes preocupações da comunidade.

"Quero ter esperança que as associações podem seguir em frente, porque ainda há muita gente que tem orgulho de ser português, mesmo que só em parte", afirmou Carla Monteiro. "Podem seguir em frente se continuarmos com a educação e os pais continuarem a ensinar a cultura", disse, tal como acontece noutras comunidades. "Os pais têm de estar muito envolvidos na vida dos filhos".

A série "As Nossas Vozes", que está na terceira temporada, promove sessões e debates em língua portuguesa sobre a diáspora nos Estados Unidos.

Lusa

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