Um grupo de oito madeirenses pertencentes ao grupo Madeira Lés a Lés, que semanalmente percorre as serras da Madeira pelos seus caminhos menos desbravados, rumou a Marrocos para cumprir o objetivo de percorrer a pé o caminho que os levou ao topo da montanha mais alta da cordilheira do Atlas e do norte de África.
Este pico, denominado Jbel Toubkal, está situado a sudoeste de Marrocos, a 63 quilómetros a sul de Marraquexe, e possui uma altitude de 4.167 metros.
Inicialmente programada para agosto, altura em que a ascensão ao topo seria menos exigente, esta "odisseia" só agora se proporcionou. Os caminheiros, a maioria naturais do concelho de Machico, efetuaram primeiramente um percurso de sete horas até ao chamado Refúgio (3.207 metros de altura), encontrando pelo caminho "dezenas de mulas carregadas de material de montanha", assim como várias pessoas que realizavam o mesmo trajeto, conta Ivo Nunes, um dos membros desta comitiva.
O caminheiro relata que, após uma paragem no Refúgio, foi a partir daí que esta aventura se tornou verdadeiramente desafiante: "Às 4 da manhã, iniciámos a subida [até ao cume]. Aos 3.700 metros, Ibraim, o nosso guia, disse-me que a partir dali iria ficar mais frio e mais íngreme, e assim foi. A temperatura desceu muito, começou a ficar difícil respirar, sentia dores nos extremos do corpo."
As condições tornaram-se mais e mais agressivas, com os termómetros a baterem os dez graus negativos. "Senti o nariz a gelar e os lábios também", acrescenta o membro do Madeira Lés a Lés que, ao chegar ao final se orgulhou pela conquista.
Ivo Nunes partilha que apesar de todos os obstáculos sentidos ao longo desta subida, na mente esteve sempre a ideia de que seria possível chegar ao fim. E foi. "Sofri, mas consegui", disse.
Catarina Gouveia