O Serviço de Cardiologia do Hospital Dr. Nélio Mendonça, no Funchal, acaba de implantar pela primeira vez o pacemaker mais pequeno do mundo com sincronia auriculoventricular (AV). Até agora, apenas o Centro Hospitalar Lisboa Ocidental (Hospital Santa Cruz), o Centro Hospitalar Universitário São João (Porto) e o Centro Hospitalar do Alto Ave (Hospital de Guimarães) tinham realizado este tipo de intervenções.
O doente implantado sofre de insuficiência renal crónica com necessidade de hemodiálise, o que torna impossível a implantação de um pacemaker convencional devido ao risco de inviabilizar a fístula provocada pelo cateter colocado num dos membros superiores para a realização da diálise. O procedimento foi realizado com sucesso pelos cardiologistas eletrofisiologistas Nuno Santos e Pedro Carmo, esta quinta-feira.
Este dispositivo é indicado para o tratamento de doentes com bloqueio auriculoventricular (BAV) de alto-grau, uma condição na qual os sinais elétricos entre as câmaras do coração (as aurículas e os ventrículos) ficam bloqueados. Ao contrário do pacemaker tradicional, este não necessita dos elétrodos (pequenos fios elétricos colocados dentro do coração através das veias que restabelecem a ligação entre aurículas e ventrículos). É colocado diretamente dentro do ventrículo direito, através de um acesso pela veia femoral direita.
Nuno Santos, o cardiologista responsável pela implantação do dispositivo, sente "uma enorme satisfação por termos implantado pela primeira vez na Madeira o pacemaker mais pequeno do mundo e pelos potenciais benefícios que traz à população que servimos". O especialista refere ainda que "a utilização deste dispositivo evita a cicatriz habitual, reduzindo significativamente os riscos associados à técnica tradicional, o tempo de recuperação e, consequentemente, o custos associados. Além disto, a duração do procedimento é também menor. É um dia feliz para o nosso hospital".
A realização deste procedimento pela primeira na Madeira vai permitir que os doentes da ilha que necessitem deste tipo de tratamento, não necessitem de deslocar-se a um hospital de Portugal Continental para serem intervencionados, como acontecia até aqui.
Daniel Faria