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Artigo de Opinião

27/05/2024 07:00

A 1 de julho arranca o novo sistema de transportes interurbanos de passageiros na Madeira e no Porto Santo, dando execução aos contratos de concessão de serviço público de transporte rodoviário interurbano de passageiros na Região Autónoma da Madeira. É o início da operação da marca “SIGA”, que assinalará uma nova era no transporte público na Região.

Nesse dia começarão a circular novos autocarros – serão mais de 100 (!) – por toda a Região, substituindo os atuais, elevando os níveis de conforto e de segurança oferecido aos passageiros para patamares europeus, incorporando, por exemplo, Wi-Fi a bordo e entrada de piso rebaixado para facilitar o acesso aos passageiros com maiores dificuldades de mobilidade.

Com esta mudança, a idade média da frota será reduzida de forma substancial, com benefícios para utilizadores, para os operadores, que verão os seus custos reduzir-se substancialmente, mas também para o meio ambiente, já que o nível de emissões destes novos veículos é muito inferior ao dos autocarros atualmente em operação – isto a fazer fé que estes sairão de circulação nas nossas estradas, e não serão afetos a outras atividades.

Mas o dia 1 de julho marca apenas o início deste processo, seguindo-se todo um trabalho para ajustar a oferta do transporte público, já que a procura, para além de ser dinâmica, tem hoje um perfil muito diverso daquele que tinha quando as carreiras foram desenhadas, algo que terá de ser tido em consideração para que as necessidades da população sejam atendidas e para que seja fomentado o transporte coletivo de passageiros. Todo este trabalho terá de ser feito necessariamente em articulação com os municípios, que são as entidades que melhor conhecem as realidades e as dinâmicas locais e as novas centralidades que vão surgindo e que necessitam de ser servidas pelo transporte coletivo de passageiros.

Contudo, é irrealista pensar que todas as pessoas poderão ter um autocarro à porta de casa, já que isso é de todo impossível, ainda mais com a nossa dispersão populacional; não obstante, não há dúvida de que há muita margem para melhorias, e que um universo muito maior de pessoas poderá ser servida e, também, melhor servida.

Esperemos que todo este processo seja igualmente um ponto de viragem na relação dos madeirenses e porto-santenses com o transporte público de passageiros, e que seja quebrada a resistência que ainda existe à utilização deste meio de transporte por uma larga franja da nossa população.

Numa altura em que existem cada vez mais automóveis a circular na Região, em que se gasta cada vez mais tempo para ir de um determinado ponto para outro e em que nunca foi tão acessível, economicamente falando, a utilização dos transportes públicos, nunca como agora se justificou tanto o recurso a este meio de transporte, até por questões ambientais.

É certo, contudo, que é necessário o tal ajustamento na oferta do serviço para que as pessoas interiorizem que têm uma verdadeira alternativa ao transporte individual, que lhes permita abandonar a independência que o automóvel lhes dá, e passem a utilizar regularmente o transporte público.

Há que reconhecer que este é um processo de adaptação complexo, porque, há que reconhecer, o uso do automóvel também ainda é visto como um sinal de estatuto social, o que cria uma ainda maior resistência à utilização dos autocarros.

Mas com o tempo e os incentivos certos, acredito que lá chegaremos.

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