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Artigo de Opinião

4/05/2023 08:00

Vejamos: "O adjunto Frederico Pinheiro acusou o ministro de querer ocultar dados à Comissão de Inquérito à TAP, foi proibido de entrar no ministério depois de ser exonerado por telefone, entra para reaver o computador pessoal que não lhe querem dar, parte um vidro com uma bicicleta, as assessoras fecharam-se na casa de banho sob ameaças de agressões físicas, enquanto o ex-adjunto telefonava à polícia para o retirarem do Ministério de onde não conseguia sair".

Uma sinopse? Não. Um excerto de um artigo recente do Público. Os episódios seguintes já todos sabemos. Sobre o fim do enredo, ainda nada.

No momento em que escrevo estas linhas, João Galamba havia pedido a demissão, "um gesto nobre", segundo o Primeiro-Ministro António Costa, que, "em consciência", não aceitou, apesar de considerar a "situação deplorável".

O Presidente Marcelo "discorda da posição", mas atesta que "não pode exonerar um membro do Governo sem ser por proposta do Primeiro-Ministro".

João Galamba havia dito que se demitia apesar "(…) de em momento algum ter agido em desconformidade com a lei ou contra o interesse público (…)" que sempre havia defendido na sua atuação como governante. Um mártir, portanto.

Em audição na Comissão de Inquérito da TAP, até o Sindicato das Indústrias Metalúrgicas e Afins declarou que, ao ministro, "temos de dar tempo, temos de ser razoáveis, ficámos satisfeitos, mas ficámos à espera da próxima". Oremos por ele. E por Portugal.

Porque assim vai o País: sempre à espera da próxima. Da próxima novidade, da próxima trama, da próxima tristeza.

Ricardo Costa, da SIC, diz que foi "uma tragédia completa que se abateu sobre o Governo", com "crises internas provocadas pelos seus próprios membros" e sem influência externa. "Aquilo transformou-se num vespeiro!", acrescentava no seu comentário.

Temos de concordar num assunto: não há guerra, pandemia ou outra coisa qualquer que interfira com esta gente. São tão intensos, tão criativos, tão fechados em si, que, deles mesmos, sai uma hecatombe de acontecimentos que embrulha a agenda nacional e internacional. Embrulha, ignora e arrasta o país para o lamaçal a que assistimos.

E é a tal coisa: isto até podia ter piada se estivéssemos perante a rodagem de um filme ou a pensar na próxima novela com estrelas nacionais. Só que não.

O PSD, como outros partidos na Assembleia da República, de resto, quer o que queremos todos: "o total apuramento e esclarecimento da legalidade desta intervenção que coloca em causa a credibilidade das instituições". E que, acrescentaria, faz, deste, um país de fantoches.

Para finalizar, deixava uma mensagem a António Costa: parabéns, campeão! Na história de Portugal, ninguém conseguiu criar uma novela tão complexa como esta. Se isto der (ainda mais) para o torto, tem futuro na ficção nacional. Aguardamos por outras cenas d’ O Vespeiro.

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